Fãs brasilienses do Mamonas Assassinas querem mostrar a música da banda a novas gerações
Reunidos no Brasília Amarela F.C. , admiradores do grupo mantêm vivo o culto à banda. Show tributo celebra a memória de Dinho e companhia hoje (2/3) no Stadt Bier
atualizado
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Pollyanna Araújo Soares e Adriana Santos tinham, respectivamente, 12 e 10 anos em 1996. Jeann Segundo tinha 9. Como quase todo mundo dessa idade à época, adoravam o Mamonas Assassinas. Na verdade, gostavam um pouquinho mais do que quase todo mundo, como o tempo veio provar. Afinal, passados 20 anos, eles não só continuam cultuando a memória dos ídolos, como têm sonhos de fazer a música, a irreverência e a história do Mamonas chegar a novas gerações.
Nesta quarta (2/3), quando se completam exatas duas décadas desde a trágica morte de Dinho, Bento, Samuel, Sérgio e Júlio — em acidente aéreo pouco depois de eles fazerem show em Brasília –, Jeann sobe ao palco da Cervejaria Stadt Bier para cantar as músicas do Mamonas Assassinas à frente de duas bandas cover. Pollyanna e Adriana estarão na plateia com roupas coloridas e adereços que remetem ao figurino com que o quinteto costumava se apresentar em sua meteórica carreira.Na cervejaria do Setor Gráfico ocorre o Tributo Mamonas Assassinas — 20 Anos de Saudades, evento que deve reunir algumas dúzias de integrantes (igualmente enfeitados) do Brasília Amarela F.C, fã-clube do qual Pollyanna, Adriana e Jeann fazem parte. O Brasília Amarela foi batizado assim não tem muito tempo, mas se tornou o ponto de convergência de pessoas com uma antiga e comum paixão: Mamonas Assassinas.
Lembranças guardadas
Aquele último show na capital federal, só Adriana teve o privilégio de assistir. Jeann não foi porque os pais o consideravam muito jovem para um evento desses. Mas lembra que conseguia ouvir o som de sua casa na Asa Norte. “No dia seguinte, quando soube do acidente, fiquei chocado. Mas ali eu prometi para eles que iria sempre trabalhar para que fossem lembrados”
Pouco depois, Pollyanna e Adriana já tinham o próprio fã-clube. Promoviam encontros, escreviam jornaizinhos, colecionavam recortes, se correspondiam com fãs de outros Estados… Faziam todo tipo de barulho para que o quinteto não fosse esquecido. “Começamos ainda na época das cartas, teve a transição para o e-mail e depois fomos nos afastando, mas o material ficou guardado”, diz Pollyanna. Por material, entenda-se memorabílias — pôsteres, camisetas, recortes, adereços, souvenires…
À mesma época, Jeann começou a cantar em palcos as músicas dos ídolos. “Desde os 9 anos faço homenagens aos Mamonas. Começou por brincadeira, diversão. Saí de Brasília por um tempo e continuei fazendo esses shows. Voltei à cidade há sete anos e foi quando passei a me apresentar com a banda”, conta. A banda é ele (vocal), Fernando Morais (guitarra), Bernardo Tamm (bateria), Renato Alves (baixo) e João Carlos (teclado).
Mamonas forever
Agora reunidos no Brasília Amarela F.C., esse fãs compartilham a vontade de mostrar a música do Mamonas Assassinas para novas gerações. E têm conseguido novos adeptos. Gabriela Matos, por exemplo, tem apenas 20 anos (nasceu, portanto, no ano em que a banda morreu), mas se juntou às amigas no fã-clube (ela é a de preto, com Adriana e Pollyanna, na foto do alto). Letícia, a filhinha de Pollyanna, de 11 anos, é outra que segue a paixão da mãe.
Se depender dessa galera, músicas como “Pelados em Santos” e “Vira-Vira” vão tocar o ano todo, e não somente em ocasiões especiais. “Nosso sonho é fazer um documentário sobre isso”, conta Pollyanna. Jeann dá indício de que o sonho começa a tomar forma. Ele montou uma segunda banda cover, com integrantes que tivessem características físicas parecidas com os verdadeiros músicos do Mamonas Assassinas.
Na Mamonas dus Paraguay, ele faz as vezes de Dinho; Regis Matsumoto, do guitarrista Bento; Igor Diniz, do baixista Samuel; Fabio Krieger, do baterista Sérgio, e Pancho Gonzalez, do tecladista Júlio. A ideia é pegar esse grupo e fazer uma reconstrução detalhada dos principais shows do Mamonas e filmá-los com qualidade de cinema. “Quem sabe isso não vira um filme de fã?” sugere o vocalista.
A primeira apresentação da Mamonas dus Paraguay será nesta quarta na Stadt Beer, depois eles farão uma série de shows em pequenos espaços, em diferentes lugares do Distrito Federal, preparando-se para a estreia oficial. Será em 4 de junho, durante uma festa junina temática (o tema é Mamonas, claro), no Clube do Congresso. O passo seguinte é começar a circular pelo país e ir registrando tudo. O título da turnê traduz a vontade de fazer dos Mamonas imortais: “O Impossível Não Existe”;
Show Tributo Mamonas Assassinas — 20 Anos de Saudades
Dia 2/3, às 22h, na Cervejaria Stadt Bier (Setor Gráfico, Quadra 6, Lote 2190). Ingressos a R$ 20. Não recomendado para menores de 18 anos.