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Entenda por que João Gilberto era um gênio da música brasileira

O pai da bossa nova, que morreu nesse sábado, ao 88 anos, deixa um legado de grandes clássicos para a MPB

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1 de 1 CARD-MORTE-JOAO-GILBERTO - Foto: Metrópoles

Nos últimos 10 anos, João Gilberto viveu recluso. Uma pena! Afinal, toda uma geração que se acostumou a velocidade das redes sociais não pode ouvir a “batida diferente” do pai da bossa nova.

É por isso que a morte de João Gilberto, ao 88 anos, neste sábado (06/07/2019), além da profunda tristeza nos amantes da música brasileira, gera a oportunidade de revisitar a trajetória deste grande artista nacional.

Não há dúvidas de que João Gilberto é um gênio da música brasileira. E o adjetivo neste contexto não é exagero. Afinal, genioso era um termo bastante utilizado para descrevê-lo.

Diz o dicionário que genioso é aquele de gênio exaltado, dado a se enraivecer facilmente. Para além das geniais interpretações, João Gilberto será sempre lembrado pelas broncas na plateia, reclamações sobre o som, abandono do palco e outras atitudes que só se permite aos grandes, com perdão da insistente repetição, gênios.

A personalidade difícil de João Gilberto rendeu boas histórias, mas é injusto defini-lo por isso. João Gilberto deve ser lembrado pela música, pela tal “batida diferente” que seu violão inseriu no cena musical brasileira dos anos 1950.

A revolução de João Gilberto começa em 1959, com o lançamento do disco Chega de Saudade. Seu disco de estreia é o marco fundador da Bossa Nova. “Foi revolucionário. Ele deu a forma dele, a marca pessoal ao trabalho de Tom [Jobim} e Vinícius de Moraes”, comenta Rodrigo Faour, pesquisador da música popular brasileira.

A tal batida diferente é, nas palavras de Rodrigo Faour, a forma que João Gilberto encontrou de “colocar uma escola de samba no violão”. Além do jeito de tocar, a voz suave do cantor também foi um marco.

“Foi o maior intérprete do Brasil”, cravou Ruy Casto, autor de Chega de Saudade, uma biografia da Bossa Nova. “Ele mudou o rumo da música brasileira”, comenta o jornalista Nelson Motta.

Os nomes que conviveram com João Gilberto destacam também o perfeccionismo do artista — algo incomum na época. “Chega de Saudade, por exemplo, ele gravou nove vezes! Foi um marco, ninguém fazia isso. Ele usava pouca voz, com uma divisão muito rítmica”, explica Faour.

João Gilberto, como o pai da bossa nova, abriu espaço para outros grandes nomes: Roberto Menescal, Baden Powell, Marcos Valle, Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Gal Costa e muitos outros.

Não à toa, Gal, em sua homenagem, afirmou: “João me ensinou tudo. Sou cantora por causa dele”.

A importância de João Gilberto é perfeitamente resumida na frase do pesquisador Zuza Homem de Mello: “Um Quixote lutando para afinar um universo inevitavelmente desafinado”.

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