Em ritmo de festa e protesto, Carnaval Silencioso reivindica espaços da cidade para diversão
Quinta edição do bloco, realizado pela Andaime Cia. de Teatro, sai do bar Beirute às 20h, nesta sexta-feira (18/12), e caminha rumo ao Pinella, na 408 Norte, alvo de operação do GDF
atualizado
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Quem gosta de curtir a noite nos bares da cidade sabe que o cenário não é dos melhores. Esta semana, o Balaio Café (102 Norte) anunciou o encerramento das atividades – o lugar era alvo constante de ações motivadas pela Lei do Silêncio. Nesta quinta (17/12), a 408 Norte foi isolada em uma operação da Subsecretaria de Ordem Política e Social (Seops), com apoio da Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis), do Departamento de Trânsito (Detran), das polícias Militar e Civil e do Corpo de Bombeiros.
O Pinella, um dos bares mais movimentados da quadra, foi multado por interdição de área pública e notificado pela Agefis. A resposta vem em tom de festa. Realizado pela Andaime Cia. de Teatro, o Carnaval Silencioso faz uma caminhada do Beirute (107 Norte) rumo ao Pinella (408) nesta sexta (18/12).Em sua quinta edição, o bloco convida os participantes a comparecerem munidos de radinho FM, fone de ouvido – e, se possível, fantasia. A concentração é às 19h, com saída prevista para as 20h. Durante a festa, o DJ Ops, do grupo Criolina, transmite um set por uma rádio pirata. Basta sintonizar na frequência correta, colocar headphone e cair na folia.
Neste ano, o Carnaval Silencioso já teve mais de 250 confirmações de presença no Facebook. Deve ser a edição mais cheia do evento – e com forte tonalidade política. “Nosso foco não é entrar na briga, mas pensar sobre o motivo da briga”, conta Leonardo Shamah, integrante da Andaime, se referindo ao fechamento dos espaços. “Estaremos lá para nos divertir. Mas esse ano queríamos mais gente até pela reflexão atual: que cidade é essa que pede para que você fique em silêncio?”, explica.
Em junho, a Andaime levou a performance para a cidade do Porto, em Portugal, durante temporada do grupo no país. Sobre a nova edição na cidade, o ator espera uma caminhada tranquila e festiva, apesar dos recentes acontecimentos envolvendo espaços boêmios da capital. “Não acho que teremos um clima pesado. É um encontro pacífico – pelo menos é como eu desejo que seja”, diz Shamah.
Lei do Silêncio
Este mês, a empresária Juliana Pagul fechou as portas do Balaio Café, alegando prejuízos econômicos decorrentes das multas que recebeu pela Lei do Silêncio. O local chegou a ser lacrado por três vezes.
A lei, de 2008, é alvo de insatisfação da classe artística e donos de estabelecimentos que oferecem músicas ao vivo. O texto estabelece que o barulho em área residencial próxima a comércios não pode ser superior a 55 decibéis durante o dia e a 50 decibéis durante a noite. Um movimento intitulado “Quem Desligou o Som” chegou a ser criado para debater a lei e pedir a revisão nos decibéis.
Os moradores, por sua vez, se sentem incomodados pelo barulho e pela movimentação nos arredores das quadras residenciais. “Gosto de me divertir, mas é difícil se acostumar com o barulho. Às vezes tem briga e os carros tomam as vagas dos nossos prédios”, reclama a servidora pública Janete Alves, 32 anos, moradora da 408 Sul.
Um projeto de autoria do deputado Ricardo Valle (PT) tramita na Câmara Legislativa para aumentar o volume do som permitido para 70 decibéis à noite e 75 durante o dia.
Carnaval Silencioso
Sexta (18/12), concentração às 19h, no bar Beirute (107 Norte). Às 20h, saída para o Pinella (408 Norte). Entrada franca. Comparecer com rádio FM e fone de ouvido.