Em nova live, Jorge & Mateus enfrenta saturação e queda de audiência
Os sertanejos realizam o terceiro show on-line nesta quarta-feira (10/06) e não devem alcançar o recorde de acessos da estreia
atualizado
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Primeira dupla a bater recorde em uma transmissão ao vivo no YouTube, os cantores Jorge & Mateus também precisam superar o excesso de lives e o início da saturação deste novo mercado. Prestes a realizarem o quarto show on-line, nesta quarta (10/06), a partir das 20h, os sertanejos buscam romper a trajetória de queda de audiência das apresentações virtuais.
Apesar dos números permaneceram altos, é nítido que o interesse do público por lives de Jorge & Mateus caiu pela metade, desde a estreia, no dia 4 de abril, quando somaram a incrível marca de 3,1 milhões de views simultâneos. Nas três apresentações que se seguiram, porém, os artistas chegaram a pouco mais de 1,5 milhão de acessos simultâneos – números expressivos, mas que mostram grande redução.
Jorge e Mateus não são os únicos a enfrentarem dificuldades com a ferramenta do YouTube. Os principais nomes do mercado fonográfico também devem superar o desafio de manter a audiência. Para João Mendes, empresário digital e responsável por lançar nomes como Whindersson, Carlinhos Maia, os irmãos Lucas Neto e Felipe Neto e GKay, há uma série de fatores responsáveis pela diminuição do interesse do público.
Um deles, segundo o especialista, é o fato de os músicos disponibilizarem o vídeo após a apresentação. “O público perdeu a ansiedade. Não há necessidade de assistir ao vivo se o show ficará à disposição na página dos artistas para ser visto a qualquer momento. Perdeu a exclusividade”, sinaliza Mendes.
De acordo com o empresário, contudo, é preciso uma reformulação no atual formato das lives que, normalmente, são compostas de repertório repetitivo e sem novidades para quem assiste. “Muitas só mudam o local e fazem uma forçação em cima de publicidade, não têm apelo”, explica. Segundo João Mendes, as apresentações virtuais necessitam oferecer mais entretenimento aos fãs.
“Tem de ser uma resenha com os fãs, quase como um programa. Na TV, as pessoas querem saber o que vai acontecer no final do Lata Velha, ou se o menino vai ganhar o concurso de calouros do Raul Gil… nas lives, pode-se pensar em parcerias inéditas, anunciar os locais que vão receber as doações ao vivo, interagir mais com o público, que normalmente fica comentando ali sem muita atenção”, considerou.
Iniciativas bem-sucedidas
João Mendes ressalta que alguns já entenderam o papel de showman que os cantores devem assumir durante as lives. Um exemplo de sucesso, segundo o especialista, é o cantor Wesley Safadão. A gravação do seu novo DVD WS Em Casa 2, realizada no dia 18 de abril, foi acompanhada por mais de 28 milhões de pessoas conectadas durante as 10 horas de live. Na ocasião, quem publicou uma foto com a #livedosafadão ganhou seu momento de fama e apareceu no show on-line.
“A parceria com o Tirulipa trouxe o humor que é um caminho importante, até para os cantores ficarem mais confortáveis nas lives. Ele criou toda uma história, um personagem, que prendeu a atenção das pessoas. Deu mais segurança ao Wesley e permitiu que o show durasse mais”, elogiou João Mendes.
Quem também está se dando bem com as apresentações virtuais é a dupla César Menotti & Fabiano. “O engajamento nas redes sociais deles cresceu 400%. “Eles também têm se beneficiado desse humor, essa pitada que eles colocaram tem agradado muito. Com certeza voltarão para o mercado de shows mais fortes”, completou.
Desafio para os cantores
Apresentar-se digitalmente tem sido um grande desafio para os cantores. Acostumados a fazerem shows para um público de, aproximadamente, 50 mil pessoas, muitos ainda estão se adaptando a, não só cantar, mas também falar a milhões. “Eles sofrem muito com as críticas ali em tempo real, do palco o artista não recebe esse feedback tão rápido”, salienta.
Mas, para João Mendes, o esforço para aprender a comunicar com o público em diversas plataformas, é o que fará a diferença no futuro. “As lives vão definir o valor do cachê. Quem foi melhor sucedido no digital, será mais requisitado quando os eventos voltarem a acontecer”, conclui o empresário.