Em entrevista, Michael Kiske fala sobre turnê do Helloween e streaming
De volta à banda alemã de metal desde 2016, vocalista detalha mudança de planos para 2019 e prós e contras da era digital na música
atualizado
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Banda clássica do heavy metal oitentista, o Helloween vem a Brasília nesta quarta (25/09/2019) para se apresentar no Rock Ao Vivo, festival que também passa por Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre. A visita ao Brasil ainda incluiu participação nos já realizados Rockfest (São Paulo) e Roadfest (Uberlândia).
Em nova fase desde 2016, quando o vocalista Michael Kiske e o guitarrista Kai Hansen foram repatriados ao conjunto alemão, o grupo substitui o Megadeth após Dave Mustaine ter anunciado afastamento dos palcos para tratar câncer na garganta. No Distrito Federal, a formação divide as atenções com os compatriotas do Scorpions.
Kiske deu entrevista ao Metrópoles e falou sobre prós e contras da música por streaming e como a turnê mudou os planos da banda para 2019.
Também atração no Rock in Rio, em 4 de outubro, os alemães planejavam gravar novo disco de estúdio com o retorno dele e de Hansen, dando um tempo nas viagens. Mas, ao mesmo tempo, a Helloween não quis perder a chance de dividir uma excursão com os Scorpions, ainda mais no Brasil, onde o metal é imensamente popular.
Precursora do subgênero power metal, tipicamente europeu, a Helloween é comumente creditada como fundadora do estilo com o disco Keeper of the Seven Keys: Part I (1987), o primeiro com Kiske nos vocais. Ao todo, são 15 álbuns de estúdio e extensas turnês.
Enquanto ainda rascunham o próximo trabalho de inéditas, os alemães lançam, no dia do show no Rock in Rio, o CD United Alive in Madrid e o DVD/Blu-ray United Alive.
Leia entrevista completa com Michael Kiske:
Qual o sentimento de voltar à banda e à rotina de turnês, de preparação de um novo álbum? E como você definiria esses anos recentes do Helloween?
Bom, todo mundo mudou bastante. De qualquer maneira, eu só conhecia Markus (Grosskopf, baixista) e Mike (Michael Weikath, guitarrista) do passado. Trabalhamos muito nesses últimos anos. E todos os outros membros são novos para mim. É algo completamente diferente e tem sido bem melhor do que eu esperava.
Nós tivemos um longo passado e ninguém sabia como as coisas aconteceriam. No começo, tivemos encontros, conversas, percebemos a vibe das coisas. Caminhamos passo a passo. Fizemos os primeiros ensaios. Mas ninguém sabia muito bem o que aconteceria nas turnês. Foi uma loucura. Por isso decidimos fazer um novo álbum.
Além do próximo disco de estúdio, vocês estão prestes a lançar United Alive e United Alive in Madrid. O que os fãs podem esperar desses registros ao vivo?
São basicamente quatro lugares onde gravamos o show na íntegra. Tivemos vários debates de como juntar e dar forma a isso. A primeira ideia foi colocar apenas Madri. Mas estávamos um pouco cansados lá após alguns meses viajando direto. Queríamos ter partes gravadas em São Paulo, Praga. No fim das contas, é meio que um documentário desses 14 meses de turnê (a Pumpkins United World Tour, encerrada em dezembro de 2018).
Helloween é bastante popular no Brasil, onde vocês já tocaram várias vezes e acumulam milhões de reproduções em plataformas de streaming. A banda, claro, começou bem antes da era digital na qual vivemos. Como vocês analisam esse momento para quem faz música? É mais fácil ou difícil produzir e alcançar novos fãs?
As duas coisas. Tem vários aspectos positivos. Sou viciado em internet, passo horas navegando. E totalmente viciado no YouTube. Até pago porque odeio anúncios. Vejo canais sobre amplificadores, guitarras, quase sempre conteúdo de música. (As redes sociais e plataformas de streaming) são algo incrível em termos de comunicação. Você consegue alcançar qualquer pessoa no planeta. São ótimas para fazer a informação circular, coisas do tipo.
Mas em termos de cultura musical e produção de discos, foram bem ruins. A maior parte das bandas não é mais tão popular. Por outro lado, a tecnologia evoluiu bastante. Algumas coisas ficaram mais fáceis. Você consegue comprar equipamentos e gravar sem ter que gastar centenas de milhares de euros.
Mas a cena está inundada, com todo mundo gravando e lançado. Não é necessário mais gastar tanto para produzir um álbum. Certos discos de bandas que cresci ouvindo, como Aerosmith, têm um som maneiro que não se ouve mais hoje em dia. Nenhuma banda gasta mais tanto dinheiro. É um pouco triste. Mas tudo tem seus prós e contras.
Espera-se que o Helloween lance disco novo em 2020. Em que pé está esse processo? Li uma entrevista com o Sascha Gerstner (guitarrista) em que ele diz que vocês devem começar a trabalhar no projeto em outubro.
A gente não tinha planejado se apresentar ao vivo este ano. Mas desde que o Mustaine ficou doente, nos pediram para pular na turnê com os Scorpions. E aí toda a programação do disco foi mesmo adiada. Não poderíamos dizer não. Nunca toquei com eles antes. Assim, eu conheço Klaus (Meine) e (Rudolf) Schenker. Mas nunca nos apresentamos juntos ao vivo.
Rock Ao Vivo em Brasília, com Helloween e Scorpions
Quarta (25/09/2019), às 21h, no Ginásio Nilson Nelson. Ingressos (preços de meia-entrada): R$ 190 (cadeira superior), R$ 270 (pista/cadeira), R$ 320 (camarote) e R$ 390 (pista premium). À venda online e na bilheteria no Shopping ID (Asa Norte). Portões abrem às 18h. Não recomendado para menores de 16 anos