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Em entrevista, banda Cambriana fala sobre novo disco, Manaus Vidaloka

Grupo de rock goiano se associa a ritmos de África, Cuba e Jamaica em primeiro trabalho de inéditas desde o EP Worker (2013)

atualizado

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1 de 1 Band-Photo-2 cambriana - Foto: Divulgação

Uma das bandas mais instigantes de Goiânia, a Cambriana, acaba de lançar nas plataformas digitais seu novo disco, Manaus Vidaloka. O trabalho é o primeiro do grupo desde o EP Worker (2013) e do álbum de estreia, House of Tolerance (2012). Desta vez, o sexteto desbrava ritmos de África, Cuba e Jamaica para criar músicas “com mais ginga”, segundo Luis Calil, vocalista e multi-instrumentista.

“Tentamos correr do indie rock reto. De certa forma, os dois primeiros álbuns (eu considero EP álbum também) nos deram a coragem e confiança pra criar uma obra numa linguagem com a qual a gente não tinha intimidade mas admirava muito, que é a música africana. Desde o começo a gente falava de fazer coisas inspiradas em afrobeat, dub, chimurenga, mas demorou pra pôr em prática”.

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O disco Manaus Vidaloka: rock com articulação de ritmos diversos
House of Tolerance (2012): indie rock permeou primeiro disco da banda
Capa do EP Worker, com seis músicas, lançado em 2013
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Luis Calil (voz), Pedro Falcão (baixo), Heloísa Cassimiro (bateria), Rafael Morihisa (guitarra), Wassily Brasil (teclado) e Israel Santiago (guitarra): a banda Cambriana

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O disco Manaus Vidaloka: rock com articulação de ritmos diversos

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House of Tolerance (2012): indie rock permeou primeiro disco da banda

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Capa do EP Worker, com seis músicas, lançado em 2013

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Calil divide todas as composições com Pedro Falcão – antes, “fiz os trabalhos anteriores praticamente sozinho”. Wassily Brasil e Israel Santiago participaram da criação de Center of the Universe e You, the Living, canção que fecha o CD.

A Cambriana teve o cuidado de mergulhar nessas novas referências de um jeito autêntico. “Não queria ser o turista que vai pra China e tira foto com chapéu de camponês – eu queria trabalhar no campo até a mão ficar calejada. Eu e o Pedro passamos quase um ano do processo de composição nos familiarizando com os ritmos e harmonias da África, Cuba, Jamaica, etc, testando e jogando fora centenas de ideias que não captavam o ‘espírito’ da coisa”, detalha Calil.

Calil não gosta muito dessa coisa de amadurecimento artístico. “Insinua que o artista começou a levar a sério, trocar personalidade por respeito, perder energia criativa de juventude”, pondera. Por isso, vê Vidaloka como um disco “mais imaturo que os outros”. “O próprio nome já avisa”.

“Com certeza é um álbum mais engraçado, com letras puxando mais para o sarcasmo do que para melancolia. Os arranjos são mais complexos mas também mais exagerados, irregulares. Acho que a única parte onde houve uma evolução ‘séria’ foi na gravação e mixagem; comparado aos anteriores, esse disco tá soando muito mais gostoso e profissional pra mim”, detalha.

Manaus entrou no disco de um jeito meio mítico. “A gente fazia música para tentar captar essa magia imaginária do lugar”, diz. “Sempre fui fascinado pela ideia de uma cidade industrial, relativamente grande, que fica no meio da maior floresta tropical do mundo. Me pareceu que essa imagem daria uma boa metáfora para os temas que eu queria abordar”.

Já na reta final das gravações, Calil e Falcão decidiram viajar para Manaus. Lá, registraram “ambiências, imagens, instrumentos”. Ficaram cinco dias na cidade. O suficiente para provocar uma experiência marcante nos dois.

“Essa imagem que eu tinha na cabeça da cidade cercada por mato se provou muito mais assombrosa durante a viagem de avião. Das três horas de voo, por uma hora inteira só se via um mar verde da janela. Você realmente tá no meio de nada, ou de tudo, dependendo do ponto de vista”, narra o vocalista.

Nas composições, ele e Falcão adotaram um processo definido por Calil como “contraintuitivo e não-musical”. “Alguém tá sentado com um instrumento, tocando alguma coisa, e o outro fica sentado de frente, palpitando, até encher o saco”, diverte-se.

“Para as letras, eu faço uma coisa que achei que era só preguiça natural minha mesmo, mas depois li uma entrevista onde o Matt Berninger, vocalista do The National, descreve exatamente o mesmo processo: eu crio a melodia cantando qualquer bobeira improvisada que vier na cabeça, só pra definir qual a sonoridade de cada sílaba e nota da melodia, e depois faço a letra por cima”, revela.

Somadas ao intenso caldeirão de ritmos diversos, as paragens de Manaus ganham um ar meio visual, cinematográfico mesmo. Trouble Every Day, por exemplo, toma emprestado o título de um filmaço da diretora Claire Denis.

“Além de roubar os títulos?”, brinca Calil, quando perguntando de que maneira o cinema entra no universo criativo da Cambriana.

“Sei lá, sou nerd de cinema e alguns títulos pulam na minha cara implorando pra virar um disco ou uma música. Isso, inclusive, é outro ponto de partida legal para criar letras. Mas eu também acho que o álbum tem momentos cinematográficos, coisa de trilha sonora, tipo a segunda metade de You, the Living, que eu imaginei como uma versão alternativa de Lawrence da Arábia. As ambiências da floresta que gravamos em Manaus também ajudaram a deixar o álbum um pouco mais ‘visual'”, analisa.

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