Em 2020, pagode de Brasília virou febre nacional. Entenda por quê
Sucessos dos grupos Menos é Mais e Di Propósito levaram o pagode da capital para outro patamar
atualizado
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Janeiro, época de verão, muito sol, praia e, claro, pagode! O ano de 2020 começou com tudo isso e dando sinais de que Brasília, em breve, se tornaria a nova capital do estilo no país. Quase um ano depois, as expectativas se concretizaram e com os sucessos dos grupos Menos é Mais e Di Propósito, a cena da capital atingiu um novo patamar entre os expoentes do gênero no Brasil.
Ainda no final de 2019, o grupo Di Propósito fazia sua primeira aparição para o cenário nacional. Após se envolver em polêmica com a cantora Naiara Azevedo, o conjunto estourou com a faixa Manda Áudio, gravou o primeiro DVD da carreira e ainda assinou contrato com a Sony, como gravadora. A banda é formada pelos amigos Kaique, Laycon , Gege, Xandy Pedrinho, Mateusinho e Acerola.
“Brasília sempre pôde ser considerada a capital de muitos estilos. Ela tem uma mistura de muita coisa e muita gente talentosa, tem muito músico que toca em bandas e grupos renomados. Claro, diante desse sucesso, a gente acaba que virou um pouco o holofote do pagode para Brasília, mas acho que a cidade pode ser considerada a capital da música”, afirma Kaique, vocalista do Di Propósito.
Pouco tempo depois, já em janeiro de 2020, um vídeo despretensioso de Neymar ouvindo uma banda até então desconhecida nacionalmente bombou nas redes sociais e apresentou o grupo Menos é Mais para o mundo. Após isso, o conjunto viveu uma carreira de rumo ao estrelato: saiu do reconhecimento apenas entre o público brasiliense para ser considerada a grande revelação do pagode neste ano.
Em apenas 11 meses, o grupo formado por Duzão, Gustavo Goes, Jorge Farias, Paulinho Félix e Ramon Alvarenga emplacou o especial Churrasquinho do Menos é Mais, o hit Recaída, assinou com a gravadora Som Livre e fez sucesso com as lives durante o período de quarentena. Recentemente, os pagodeiros ainda lançaram o primeiro álbum autoral da carreira, chamado Plano Piloto, e venceram a categoria Experimente do Prêmio Multishow, que premia os artistas revelações do ano.
“A gente almejava muito estar onde estamos. Somos muito gratos a todos que nos colocaram aqui. Com esse patamar que a gente alcançou, lançamos um álbum todo autoral que, inclusive, remete a Brasília (Plano Piloto) e acreditamos que conseguimos continuar estourando e conquistando o público”, diz Goes.
“O resto do Brasil abriu os olhos para o que acontece aqui e tenho certeza que com essa visibilidade que todo o país está dando ao pagode daqui, isso vai gerar bons frutos. Tem muito grupo que voltou a tocar por conta desse movimento”, completa.
Referência fora de SP e RJ
Com o sucesso gigantesco do Menos é Mais e do Di Propósito, os artistas de Brasília ganharam espaço entre os expoentes do gênero e fizeram com que, a cidade notada pelos tempos em que o Rock vivia seu auge, ganhasse também o título de nova capital do pagode e principal referência fora do eixo Rio-São Paulo.
“Representamos algo não só para o pessoal de Brasília, mas também para todos artistas fora do eixo Rio-SP. Acho que esse caminho da internet que a gente trilhou vai servir de inspiração para muitos grupos que sonham em alcançar o sucesso”, opina Goes.
O vocalista do Di Propósito ressalta a pouca visibilidade dada aos artistas de Brasília. “Se você parar para pensar, os cantores e jogadores de futebol estão no Rio e São Paulo. Então é muito difícil para nós que somos do DF ver as coisas acontecerem. Agora, esse movimento desperta um pouco dessa esperança”, pondera Kaique.
Goes concorda e ressalta a força que o pagode de Brasília tem há algum tempo: “Acho que sim, pode ser considerada capital do pagode. É importante que a gente consiga exportar e que outros grupos daqui consigam ser conhecidos, mas Brasília já faz samba há muito tempo. A gente tem grandes referências aqui como o Coisa Nossa, 7 na Roda e Amor Maior, então era importante que em algum momento que grupos daqui saíssem”.
Influência para novos artistas da cidade
Diante do holofote que o pagode de Brasília ganhou após os sucessos de Menos é Mais e Di Propósito, a expectativa é boa para os novos pagodeiros da capital que almejam também chegar ao sucesso. Kaique acredita que as gravadoras e empresários vão olhar a cena brasiliense com mais carinho.
“Acho que a galera vai querer buscar novos artistas aqui. É como uma mina de ouro: ‘achei um e vou procurar mais pedrinhas por lá’. Então vai despertando uma curiosidade, um desejo dos fãs de pagode, que vão pesquisar mais os grupos da cidade”, opina.
Já Goes enxerga que novos conjuntos possam crescer em Brasília. “Isso vai abrir um espaço ainda maior para grupos menores estourarem. Tenho certeza que alguns vão aproveitar este momento, porque Brasília sabe fazer pagode”, conclui.