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Do romantismo ao paredões de som, seresta domina as paradas musicais

A seresta, conhecida pelas letras românticas e sonoridade instrumental, foi adaptada para os populares paredões de som em ritmo de arrocha

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Yanka Romão / Metrópoles
ilustração – Seresta copiar
1 de 1 ilustração – Seresta copiar - Foto: Yanka Romão / Metrópoles

Com impressionantes 28,6 milhões de reproduções, e ocupado o TOP 10 das paradas musicais, Só Fé, de Grelo, tornou o gênero seresta uma febre nacional. O estilo, popular no Nordeste, ganhou novos contornos e públicos.

Originalmente, a seresta surgiu em bailes, em um estilo suave e letras que falavam de saudade e amor. Antes dos versos “um mé’, o leitinho dos menino e o módice da muié'” virarem febre nacional, o estilo ganhou uma roupagem moderna, mais “alegre”, e abriu caminho para o sucesso de Grelo.

Em entrevista ao Metrópoles, Saulo Rangel, especialista em dança de salão, detalhou como se iniciou a transformação da seresta.

“Na Bahia e em outros estados do Brasil, seresta não é só música romântica, é sinônimo de festa! Nesses eventos, tocam vários estilos como arrocha, bolero, samba, lambada, músicas dos anos 1960, brega saudade, entre outros. Isso pode ser ao som de ‘bandas baile’, que tocam de tudo um pouco, ou de um cantor com um tecladista”, explicou.

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Grelo disse não ter interesse no uso de sua obra para campanhas eleitorais
Paredões de som são populares no Norte e Nordeste
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Nadson, O Ferinha

Foto: Instagram/Reprodução
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Grelo disse não ter interesse no uso de sua obra para campanhas eleitorais

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Paredões de som são populares no Norte e Nordeste

Uma seresta contemporânea

A tradição, nos anos 2000, foi estendida para os populares paredões de som, aparelhagens que tornaram a seresta menos elitizada. O estilo musical deixou de ser uma exclusividade dos salões e tomou conta das ruas no Norte e Nordeste, mas, segundo Saulo Rangel, com uma sonoridade ainda mais animada.

“A seresta, no começo, dependia bastante de instrumentos como o violão para criar aquela atmosfera íntima. Com o tempo, o estilo foi mudando. Hoje em dia, nas serestas na Bahia e em outros estados brasileiros, a gente vê a modernização do som, mas sem perder aquele toque romântico”, explicou.

Atualmente, com novos timbres, mixagens e arranjos mais contemporâneos e acelerados, a seresta conquistou novos consumidores, de diferentes faixas etárias. Polly Ferreira, editora de sertanejo, forró e arrocha da plataforma Deezer, contou em entrevista ao Metrópoles como ocorreu a modernização da seresta.

“A seresta contemporânea é uma derivação do arrocha e não mais da seresta original. As principais características desse novo estilo estão na formação dos músicos e na composição instrumental, onde grande parte dos sons é produzida por teclados rítmicos, conhecidos como ‘Kit'”, pontuou.

Arrocha toma conta da seresta

Em 2020, no interior de Sergipe, o cantor Nadson o Ferinha apostou no lançamento dos álbuns Seresta pra Paredão e Serestão do Ferinha. Com as novidades, que traziam a seresta repaginada para um arrocha moderno e tecnológico, o artista se consolidou nacionalmente.

Responsável pela produção dos discos de Nadson, o produtor Coruja disse, no BahiaCast, que a sonoridade é universal.

“A galera sofre bastante e bebe ouvindo a nossa seresta. Quem toma conta de paredão sempre tem um repertório diverso. Aí bota música para dancinha, música para beber. Música de relacionamento não sai de moda nunca. Sempre tem alguém vivendo essas histórias.”

Coruja

Outros artistas como Pablo, Silvanno Salles, Toque Dez, Klessinha, Tayrone, Unha Pintada, Thiago Aquino, Kart Love, Zezo, Canindé, Raquel dos Teclados e Lairton também são destaques nas plataformas digitais com a seresta contemporânea.

A seresta tradicional perdeu espaço?

Mesmo com a evolução da seresta para uma música mais moderna, a seresta tradicional continua tendo seu espaço. Professor de Dança de Salão em Feira de Santana (BA), Saulo Rangel tem 27 anos de experiência e afirma que, apesar do consumo menor, as pessoas seguem fiéis ao ideal da dança de salão praticada nos tradicionais bailes.

“Eu frequento serestas desde criança, indo com meus pais, e isso me ajudou a criar uma ligação forte com a dança de salão e com a cultura da seresta. Por isso, sempre incentivo meus alunos a irem às serestas para praticarem o que aprendem nas aulas. As serestas são um ótimo lugar para sentir a dança de um jeito mais profundo e verdadeiro”

Saulo Rangel

Segundo Polly Ferreira, entretanto, os eventos de dança de salão, populares por tocar bolero, tornaram-se redutos mais intimistas. “A seresta tradicional foi perdendo espaço com as novidades musicais e, consequentemente, está sendo cada vez mais associada a um público mais velho”, finalizou.

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