Do forró à música erudita: o acordeon eclético de Junior Ferreira
Baiano radicado em Brasília, o músico lança, em 2016, o CD solo “Casa de Ferreira” e um projeto ao lado de Hercules Gomes e Victor Angeleas
atualizado
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Baiano radicado em Brasília, Junior Ferreira, 34 anos, espera ansiosamente por 2016. É que no próximo ano, o acordeonista lança dois novos projetos muito esperados.
O primeiro é o disco “Casa de Ferreira”. A estreia em trabalho solo irá além das músicas instrumentais e passeará por várias sonoridades. “Também posso adiantar que terei participações especiais de artistas de São Paulo, do Rio de Janeiro e da Bahia”, avisa Junior que, pela primeira vez, assumirá o papel de cantor num CD.
A segunda novidade envolve o pianista capixaba Hercules Gomes e o bandolinista brasiliense Victor Angeleas. Victor e Junior são amigos e parceiros musicais há algum tempo e, em julho desse ano, tocaram ao lado de Hercules. O trio deu tão certo que, em breve, eles vão reunir o acordeon, o bandolim e o piano para executar um repertório voltado para as sonoridades brasileiras.
A primeira vez que vi Hercules pessoalmente foi em um festival, em São Paulo. A nossa série de shows no Clube do Choro foi linda, com casa lotada todos os dias. Já Victor eu conheci em 2010, quando me apresentei com ele em um show da Cris Pereira. Ficamos mais próximos quando entrei para o curso de música, na Universidade de Brasília (UnB) e, em 2012, gravamos o disco do nosso duo, ‘Sem Fronteiras’.
Junior Ferreira, acordeonista
Fazendo jus ao nome, o álbum rodou outros estados além do Distrito Federal. O público de São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Recife tiveram a chance ver o show de um CD diverso – com tango, baião, choro, jazz e música erudita, que teve participações especiais de mestres como Hermeto Pascoal e José Cabrera.
Santa Luzia e Luiz Gonzaga
Apesar de ser um acordeonista eclético, Junior Ferreira tem o forró como norte na sua trajetória musical. O gênero parece estar no destino do artista, que nasceu em Santa Luzia (a 650 km de Salvador). O nome da cidade é o mesmo da santa de devoção de Luiz Gonzaga, rei do baião.
“Gosto de música desde criança. Sempre fui autodidata com o piano e flauta doce. Aos 13 anos, comecei a estudar a sanfona. Eu ouvia gravações com esse instrumento e fui entender a sonoridade dele por meio de discos de choro e de forró. Pouco tempo depois, descobri a vertente erudita, com Chiquinho do Acordeon, que fez parte do sexteto de Radamés Gnattali” .
Aos 15, Junior foi para Ilhéus, onde tocou em blocos afro e em bares. Pouco tempo depois, passou a frequentar Caraíva, cidade conhecida pelo forró e encontros musicais. Lá, ele conheceu os brasilienses Dudu Maia e Gabriel Grossi. Em 2008, veio a oportunidade de se mudar para cá.
Aqui em Brasília, Junior estou música na UnB e consolidou a carreira musical. O currículo soma apresentações ao lado de Elba Ramalho, Mariana Aydar e Hamilton de Holanda, entre outros. Um dos grandes shows mais recentes, foi neste ano, ao lado cantor baiano Saulo.
“Mestrinho fez as gravações do acordeon no disco e Saulo me chamou para tocar essas músicas nos shows da turnê ‘Baiuno’, que fala do universo criança baiana. A estreia em Brasília foi uma experiência muito bacana. São megashows. É outra experiência”, conta Junior que também levou sua música para o continente africano, como Argélia, Mali e Angola.
Veja o músico tocando “Assovio de Cobra”:
Assista Junior Ferreira tocando ao lado de Victor Angeleas e Hercules Gomes: