Disstinto: produtor brasiliense representa hip-hop local no Brasil
O DJ conta a trajetória que o tornou um dos principais nomes da cena nacional
atualizado
Compartilhar notícia
Muito mais do que uma performance. Para muitos jovens das periferias do Brasil, o hip-hop é um meio de expressão política. Dois pilares do gênero, o rap e os DJs estão na linha de frente dos holofotes. Mas há uma figura atuante nos bastidores, tão importante quanto os demais para a difusão do movimento: o produtor musical. Nascido e criado em Sobradinho (DF), Filipe Carvalho, ou Disstinto como é conhecido no meio artístico, já consolidou seu trabalho para além do quadrado brasiliense.
Com apenas 21 anos, Disstinto gerencia processos que vão desde a criação da música, arranjos e harmonias até a gravação e finalização de um CD. Apesar da pouca idade, o currículo do produtor impressiona. Ele trabalha com nomes conhecidos do rap, como Menestrel (DF), Cynthia Luz (São Paulo), Froid (DF) e Ducon e ADL (Rio de Janeiro). Além de projetos como o cypher de Poetas no Topo 2 e Na Mira, e seus próprios singles, como a recente Na Cara Dos Quebrada.
Integrante da geração Y, Disstinto se tornou beatmaker aos 14 anos, com ajuda da web. “Costumava estudar de 4 a 5 horas por dia. Ouvia outras referências e via tutoriais na internet. Virava noites tentando produzir”, lembra. A formação profissional do DJ passa, igualmente, pelas ruas em trocas de experiências com outros MC’s. “Eu frequentava batalhas de rimas, pedia para outros artistas ouvirem e avaliarem meus beats. Muitos ficavam surpresos e criavam letras em cima do meu som”, lembra.Em pouco tempo, o DJ começou a disponibilizar os beats na internet e passou a vender suas criações para o mundo todo. A evolução de beatmaker a produtor, de um mais amador a um cargo mais profissional, ocorreu naturalmente. Disstinto iniciou colaboração com álbuns do grupo Um Barril de Rap, do qual era integrante. “Foi quando eu pude desenvolver na prática tudo o que já vinha aprendendo”.
O mercado no DF
O brasiliense ressalta que a alta da cultura hip-hop tem aberto muitas portas. “Os grandes contratantes estão olhando mais para a gente. Estamos em um momento de transição e crescimento nacional”, afirma. Para ele, o mercado envolve uma enorme gama de profissionais. “São engenheiros de áudio, fotógrafos, videomakers, stylers e várias outras funções trabalhando em prol do resultado final”.
Como o jovem Filipe, de sete anos atrás, há muitos meninos e meninas interessados em seguir os passos do produtor. O DJ aconselha os iniciantes a serem muito curiosos em relação à cena, estarem onde o rap acontece e trocarem ideias com quem está há mais tempo no caminho. “Sempre vai ter alguém que vai poder conversar, dar conselhos ou apenas ser observado. Network sempre é uma coisa importante a se fazer”, considera.