Diretor-geral da OMS se rende ao K-pop e mostra a força do estilo
Como os fãs do pop coreano conseguiram chamar a atenção até mesmo de Tedros Adhanom, diretor geral da OMS, em meio à pandemia?
atualizado
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É inegável que o K-pop é sucesso mundial. O estilo musical arrasta milhões de fãs ao redor do mundo, e os chamados fandoms possuem um papel importante no crescimento e reconhecimento do gênero. Todos os dias, nas redes sociais, é possível ver algo relacionado ao pop coreano entre os assuntos mais comentados do momento.
“Muitos fãs ajudam os grupos a terem mais reconhecimento e, com certeza, já conseguiram muito isso! Além de focarem em ajudá-los em votações importantes tanto na Coreia quanto fora. Acho que também existe a questão de desmistificar alguns suposições que se tem sobre eles e sobre o país”, afirma o estudante Marcell Delgado, fã dos grupos BTS e EXO.
Uma prova da força dos fãs do estilo aconteceu na última quinta-feira (18/3), quando o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom, usou suas redes sociais para parabenizar o grupo Super Junior e seu fandom pelo lançamento da música “House Party”. A canção faz diversas referências à pandemia de Covid-19, além de alertar para a necessidade de seguir as medidas de segurança contra a propagação do vírus.
“Obrigado, E.L.F [fã clube da banda], por compartilhar a nova música House Party, do Super Junior, conosco! #SUPERJUNIOR, você está no ponto certo! Na verdade, ainda precisamos manter medidas de precaução contra a COVID19 para proteger uns aos outros e controlar esta pandemia. Obrigado por nos lembrar através de sua música”, escreveu Tedros.
Essa não é a primeira vez que o poder dos fandoms ultrapassa as barreiras da música. Em setembro de 2020, Tedros Adhanom já havida sinalizado simpatia pelo K-pop e por seu poder de conscientização e divulgação que, tanto artistas como fãs, possuem.
“Absolutamente certo, #BTS Jimin! Juntos, podemos acabar com esta pandemia! Obrigado por oferecer palavras de conforto e cura aos profissionais de saúde e àqueles que sofrem de # COVID19 com sua música”, escreveu na ocasião.
Absolutely on point, #BTS Jimin!
Together, we can bring this pandemic to an end!
Thank you for offering comfort & healing words to health workers & those who are suffering from #COVID19 with your music.And my congratulations on #BTS_Dynamite becoming #BTS1onHot100! pic.twitter.com/aXIWb83B3F
— Tedros Adhanom Ghebreyesus (@DrTedros) September 3, 2020
A explicação para o fenômeno, segundo a jornalista Carol Castro, que acompanha o ritmo há alguns anos e é fã das bandas Blackpink e BTS, é a proporção que o ritmo vem tomando. “A cada ano os artistas do ramo passam a ter mais autonomia por seus trabalhos e a passar mais credibilidade para esse estilo musical. Não apenas sobre a pandemia e a conscientização das pessoas quanto a isso, mas também com relação a movimentos sociais como o feminismo e a ‘cultura do cancelamento'”.
Para a estudante Mariana Xavier, fã do gênero desde 2015, “outro fator importante é a questão da globalização que acaba ajudando a promover o gênero musical de certa forma, como o fato de já existirem grupos bem conhecidos mundialmente”.
O lado obscuro
Pela lealdade de seus fãs, até mesmo acontecimentos pequenos, como a roupa que determinado ídolo usou, têm a capacidade se de tornar uma grande discussão na internet — o que acaba gerando repercussão, visibilidade e, consequentemente, trazendo a tona o lado obscuro dos fandoms.
Além das brigas entre fã clubes de grupos diferentes, a cultura do cancelamento também se faz presente nesse cenário.
“Não é nem necessário discordar com o que, por exemplo, o Super Junior tenha dito: se você estiver com um perfil fazendo referência ao BTS ou uma foto do EXO no teu perfil, os ELF’S (fãs do Super Junior) vão acabar usando isso contra você se você for dar opinião em uma postagem focada no grupo deles”, revela Carol.
Os fandoms parecem ser verdadeiros “barris de pólvora”, prontos não só para defender e divulgar o trabalho de seus artistas preferidos, como também para usar seu poder em outras áreas. O ex-presidente dos Estados Unidos que o diga. Em 2020, em meio à corrida presidencial no país, a comunidade K-pop se engajou e conseguiu esvaziar um de seus comícios, mostrando todo poder de articulação e comunicação que esses jovens criaram.