De Brasília, banda Cool Sorcery se prepara para turnê na Europa
Meses após sua primeira estreia nos palcos, o grupo se prepara para uma turnê internacional de 22 shows
atualizado
Compartilhar notícia
Não se deixe enganar pelo nome ou pelas letras em inglês — a banda Cool Sorcery traz a tradição musical de Brasília em sua essência, e prova que a capital se mantém firme enquanto produtora de talentos. Fundada em 2018, pelo músico brasiliense Marcos Assis, de 24 anos, o grupo de rock independente Cool Sorcery (“feitiçaria legal”, em tradução livre) se prepara para sua primeira turnê internacional. Com início em setembro deste ano, a turnê do álbum Terra Invaders levará mais de 20 shows para a Europa, passando por 5 países diferentes.
O grupo, que se encontra prestes a embarcar em sua primeira aventura em terras estrangeiras, surgiu como uma ideia despretensiosa: canções de rock cantadas em inglês, assinadas pelo idealizador do projeto, Marcos Assis, gravadas e produzidas em casa e lançadas na internet. Com forte atuação no meio digital, o grupo apresenta um som alternativo e pesado, influenciado pelo bedroom punk (“punk de quarto” em inglês), subgênero do rock. As múltiplas facetas artísticas de Marcos foram determinantes para a fixação de uma característica marcante do grupo: a valorização da estética independente e da cultura do DIY (sigla em inglês para “faça você mesmo”).
Sucesso on-line
A Cool Sorcery teve seu início em 2018, mas o primeiro lançamento data de 2020, durante a pandemia de Covid-19, quando o criador da banda, Marcos Assis, decidiu gravar o seu primeiro EP e distribuí-lo em plataformas de áudio na web. Até esse momento, as únicas composições lançadas pelo jovem artista haviam sido músicas para trilhas-sonoras de videogames. A partir o lançamento de When?, o álbum de estreia, a banda logo despertou a curiosidade de amantes da música pelo mundo. Enquanto via seu som ser difundido no meio virtual, o rapaz se aproveitou do timing e entusiasmo para lançar outros 3 álbuns no mesmo ano.
Aos poucos, o projeto aumentou, e o fundador passou a estar rodeados de outros talentos da cena brasiliense. Inicialmente, Marcos convidou o irmão, João Assis, para ser o baixista do grupo. Após as primeiras apresentações ao vivo, a banda se inseriu de vez no circuito da capital. O contato com outros artistas da cidade aproximou Marcos Assis, e seu irmão, João Assis, de outros nomes de destaque do cenário alternativo de Brasília. Logo passaram a contar com novos membros, até chegar na atual formação.
“Fiz alguns shows ao vivo e aí eu tive que começar a procurar membros para banda. Eu chamei o João, que é meu irmão, para o baixo e a gente foi entrando em contato com várias pessoas tentando arranjar gente para tocar para ao vivo. Nós conhecemos o Naruto e, depois, foi basicamente uma reação em cadeia. Ele trouxe o Pedro e o Sonny, que já tocavam com ele na Tropeçália e no Bananas Caipiras. E aí a banda ao vivo estava montada”, relata Marcos.
Em 2023, com o ingresso de novos membros, o grupo entrou em uma nova fase, passando a contar com a produção-executiva de Estevam Chezz, do selo musical Chezz Recs. Atualmente, a Cool Sorcery é formada por Marcos Assis (guitarra e vocais), João Assis (baixo) e o trio Guilherme Fernandes (guitarra), Pedro Sampaio (teclado) e Sonny Heros (bateria).
O baixista, João Assis, falou ao Metrópoles sobre a relação da banda com a tradição do rock brasiliense. Conforme ele conta, apesar de apresentar ao público um gênero menos conhecido no Brasil, o bedroom punk, a banda ainda assim é influenciada pela herança musical da cidade, e atua para o fortalecimento da cena.
“Brasília sempre teve essa característica de exportar muita banda de rock, tanto no circuito nacional quanto internacional. Apesar disso, eu sinto que a Cool Sorcery tem a sua própria cara, e ela entrou nessa cena de uma forma meio alienígena, com um estilo que não é comum. E eu acho legal, porque a gente conseguiu juntar com pessoas que já estão na cena há muito tempo, como o Naruto, o Pedro e o Sonny. E também pessoas que trazem para a banda assim essa herança que Brasília tem do rock”, conta João.
Turnê Internacional
O lançamento mais recente do da banda, o álbum Terra Invaders, do final de julho deste ano, surge da vontade do grupo de produzir um disco com participações de outros artistas que a banda conheceu em sua caminhada até agora.
No novo momento em que se encontra, o projeto já extrapolou, e muito, as paredes do quarto de seu idealizador. Atualmente, a Cool Sorcery prepara-se para um novo marco em sua história, onde, durante a turnê, percorrerá 22 cidades entre Itália, Bélgica, Alemanha, Polônia e Suíça. Os shows têm data prevista para acontecer entre os dias 6 e 28 de setembro deste ano.
Questionado sobre as expectativas para as apresentações fora do país, Marcos traz uma projeção otimista: “Eu acho que essa fase nova vai ser muito importante pra gente, pelo desenvolvimento da banda em si. Nós vamos aprender muito com essa primeira turnê e, não só isso, fazer bastante contato para voltar com a cabeça mudada sobre todos os conceitos que temos da banda. Vamos ficar mais próximos e vamos conseguir pensar como um só depois desses 23 dias [de turnê]. Acho que vai ser uma etapa muito importante para a história da banda”, conta o músico.
O novo disco é marcado por letras irreverentes, combinando crudeza e complexidade sonora. O lançamento conta uma história surrealista, e descreve uma invasão alienígena no planeta Terra. O álbum Terra Invaders, assim como os trabalhos anteriores do grupo, podem ser encontrados nas plataformas digitais de música.
Ao Metrópoles, Marcos Assis falou um pouco sobre o processo de desenvolvimento conceitual do novo disco: “Uma das primeiras músicas do álbum, que foi a I Don’t Care Just Kill Me Already, conta a história de uma invasão alienígena, e o protagonista não se importava com a invasão, só queria morrer logo, ou que eles o levassem. Então, eu peguei a ideia dessa música e transformei no álbum, como o resto das músicas ainda não tinha letra”, revelou o músico.
Todos os lançamentos do grupo estão disponíveis em plataformas digitais.
