De 4×4, Mr. Catra rompeu as barreiras do preconceito com o funk
Ícone polêmico do mais popular ritmo brasileiro, o artista morreu aos 49 anos vítima de um câncer
atualizado
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Sem querer ofender nenhuma crença religiosa, mas, ao menos no meu imaginário, Mr. Catra chegará ao céu numa 4×4 aos gritos de “uh, uh, uh, Papai chegou”. Dono de letras irreverentes, o artista Wagner Domingues Costa é certamente um dos mais importantes nomes na consolidação do funk carioca como um ritmo brasileiro que abrange morro e asfalto.
Você ainda tem preconceito com funk? O Simpático, para de formar K.O! As listas de mais tocadas dos principais serviços de streaming do Brasil, mostram que o pancadão originado no Rio de Janeiro (com versões nordestinas, paulistas e brasilienses) é hoje o mais amado gênero tupiniquim.
A trajetória de popularização do funk caminha ao lado de Mr. Catra. Sem medo do proibidão, o cantor apresentou hinos como Capô de Fusca, Adultério e Mama – tem putaria, bebida, orgia e muita coisa que geral curte dançar na pista.
Enquanto as rádios se renderam ao funk melody, Catra nunca se furtou em falar de pau, boceta e qualquer outro palavrão que, moralismos à parte, você fala no seu dia a dia, mas se arrepia ao ouvir numa música.
Longe das cifras, da televisão e da música comportada de grandes nomes como Anitta e Buchecha, Catra era um trabalhador do funk: chegava a fazer mais de 5 shows por noite, nunca escondeu a poligamia e popularizou o proibidão.
Catra tem inegáveis méritos como artista, mas o conteúdo machista e abusivo de suas letras também são um triste legado deixado pelo cantor. As músicas carregam altas doses de machismo e homofobia, com incitação a comportamentos condenáveis. Erros sérios, que nenhum acerto seria capaz de apagar, ainda mais em uma sociedade na qual o feminicídio é um ato crescente e mulheres sofrem para chegar a patamares minimamente aceitáveis de igualdade.
Relembre o polêmico sucesso Adultério:
Era no palco que Catra se revelava um showman. A introdução virou um marco: “Vai começar a putaria”! Em seguida, o baile começava, fosse na favela ou em boates do Lago Sul – área nobre aqui de Brasília.
Com seus estilo próprio, Catra levou o funk e toda um palavreado longe do politicamente correto para boates LGBTs, clubs alternativos, morro e palcos de todo o Brasil.
Valeu, Papai! Do céu, você poderá ver seu legado com uísque e Red Bull.