David Bowie: um ano sem o Lázaro da música pop
Morto há um ano, o músico inglês teria completado 70 anos no último domingo (8/1)
atualizado
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A morte de David Bowie, em 10 de janeiro de 2016, deixou fãs e admiradores em choque. Ele havia sido diagnosticado com câncer no fígado em meados de 2014, mas manteve a doença em segredo. Também discretamente, gravou “Blackstar”, o último trabalho. Despediu-se dois dias depois do lançamento, em 8 de janeiro – data em que completou 69 anos.
A carreira e as mutações do britânico permanecem tão vivas que é como se sua morte tivesse sido uma performance. Talvez a mais incrível do autor de “Starman”, “Space Oddity”, “‘Heroes'” e “Ashes to Ashes”.
Não à toa, mesmo um ano após partir, Bowie ainda parece um artista de “outro mundo”. Ainda inédito no Brasil, o documentário da BBC “David Bowie: The Last Five Years” cobre os últimos cinco anos de carreira/vida do inglês. Nesse período, ele gravou “The Next Day” (2013) e “Blackstar” (2016), seus dois últimos discos, e retomou o vigor criativo que tanto marcou a música pop nas décadas passadas.Clipe de “Lazarus”: quando Bowie soube que iria morrer
“The Last Five Years” ilumina os últimos meses de vida de Bowie. Quando o britânico partiu, jornalistas e fãs saíram em busca de pistas nas letras de “Blackstar”. Naturalmente, leram em versos como “olhe aqui para cima / estou no céu” (“Lazarus”) os sinais de um adeus definitivo e planejado.
Johan Renck, também diretor do clipe de “Blackstar”, contou que Bowie só soube que o câncer era terminal e irreversível durante as filmagens do vídeo de “Lazarus”, em novembro de 2015. As sinistras imagens de Bowie num leito de morte circularam quando do lançamento do vídeo, em 7 de janeiro de 2016.
O EP “No Plan”: o trabalho póstumo de um apaixonado pela Broadway
Em “The Last Five Years”, fala-se das ambições de Bowie de criar um espetáculo de rock para a Broadway. O sonho de juventude seguiu vivo até os últimos suspiros. Ao lado de “Blackstar”, o musical “Lazarus” foi uma das últimas realizações do londrino.
Estreou no fim de 2015 e reuniu 18 canções de diferentes fases do músico. A trilha abriga a própria “Lazarus”, registrada em “Blackstar”, e as póstumas “No Plan”, “Killing a Little Time” e “When I Met You”, compostas exclusivamente para o musical e lançadas no EP “No Plan”, divulgado no último domingo (8/1).
Michael C. Hall, conhecido pela série “Dexter”, estrelou “Lazarus”. A última aparição pública de Bowie foi registrada justamente na noite de estreia do espetáculo, em 7 de dezembro de 2015.
O retorno de “O Homem que Caiu na Terra” aos cinemas
Enquanto se metamorfoseava a cada novo disco, David Bowie também surgia nas telas do cinema de tempos em tempos. E sempre em personagens imprevisíveis: do Rei dos Duendes em “Labirinto” (1986) a Pôncio Pilatos em “A Última Tentação de Cristo” (1988), passando pelo físico Nikola Tesla em “O Grande Truque” (2006).
Mas é inegável que uma das melhores performances pode ser vista em “O Homem que Caiu na Terra”, adaptação do diretor Nicolas Roeg para o livro de Walter Tevis. A obra também serviu de inspiração para o musical “Lazarus”. O longa retorna aos cinemas em cópia restaurada nesta quinta (12/1) e tem sessões confirmadas na telona do Cine Brasília.
Na primeira vez como ator, Bowie usa sua presença magnética para interpretar Thomas Jerome Newton, um alienígena que visita a Terra em busca de água para salvar seu planeta natal. Ele também encontra outros elementos abundantes entre os seres humanos: a ganância e a hostilidade.