Dado Villa-Lobos espera “clima de festa” no show da Legião Urbana
A turnê de 30 anos do disco “Legião Urbana” (1985) chega à cidade neste sábado (7/5), no Net Live Brasília. Banda não tocava na capital desde o tumultuado show de 1988, no Mané Garrincha
atualizado
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Desde que começou a turnê “Legião Urbana XXX Anos”, no segundo semestre de 2015, Dado Villa-Lobos percebe que os sentimentos de três décadas atrás se misturam aos de hoje. Esta é a primeira grande excursão da banda sem Renato Russo e não significa um retorno do grupo: trata-se de uma celebração do disco “Legião Urbana” (1985). Villa-Lobos, Marcelo Bonfá, André Frateschi no vocal e jovens músicos visitam Brasília neste sábado (7/5), no Net Live.
Em entrevista ao Metrópoles, o guitarrista da Legião reconhece que a última vez da banda na cidade foi um tanto melancólica. Naquele tumultuado show de 1988, no estádio Mané Garrincha, houve violência policial, desorganização nos portões e suspensão da apresentação.
Desta vez, o clima é completamente outro: de festa e boas lembranças. “É um grande reencontro com o nosso público”, diz Villa-Lobos. “Nosso único compromisso é fazer as pessoas relembrarem suas vidas naquelas canções e fazer elas refletirem um pouco também”.
Na conversa com o site, o músico declara seu carinho por Brasília, fala da versão remasterizada do disco, com mixtapes e versões antigas de hits, e comenta a sensação de resgatar um dos repertórios mais populares e representativos do rock nacional.
O que essa apresentação de Brasília vai ter de diferente para vocês?
A gente espera o que vem acontecendo no geral em todas as cidades. Um clima de celebração, um grande show de rock. A gente espera que as pessoas entrem naquele clima de 30 anos atrás. Aqui, tudo tem um apelo emocional mais intenso para gente. Passo por onde morei, as histórias vêm à tona. Tudo se torna presente.
Essa turnê é curiosa porque vocês retornam a um disco que foi bastante divulgado na época, com muitos shows. E agora recuperam essa mesma rotina. Que outras sincronias você percebe entre um momento e outro?
É bem louco, né? Fazer esse circuito de novo 30 anos depois. Essas coisas da sincronicidade do tempo. Hoje também vivemos momento político e econômico conturbado. Lá atrás, ia ter o Tancredo (Neves) e a gente levou o (José) Sarney. O Brasil como ele é: um abismo que nunca chega e a gente vai levando. Mas agora não temos tanto compromisso com o mercado, de afirmar que sua música é maneira. É só sair de casa e tocar, fazer o melhor possível. O único compromisso é com as canções, que elas saiam direitinho. Esse distanciamento de 20 anos sem a banda trouxe para a gente uma compreensão melhor do que é esse repertório, de quem somos nós, do que é o público. As coisas estão mais claras em relação ao que a gente fazia. E isso é muito bom.
A relação de vocês com o público mudou muito nesses últimos anos?
É um nível muito alto de emoção e catarse. A gente procurou trazer essas duas ou três gerações. O pessoal mais velho e jovens no palco. Outro dia, na plateia, tinha criança de 10 anos de idade às 3h da manhã, com o pai cantando todas as músicas. Temos essa mescla pra aliviar um pouquinho a barra geracional. A equipe é muito legal e isso faz a diferença quando saímos de casa todo fim de semana. Saímos para nos divertir, basicamente.
Para você, Dado, como a biografia que você lançou ano passado, “Memórias de um Legionário”, e a turnê XXX Anos impactam na sua relação com a Legião?
Ano passado teve essa conjunção astrológica: eu fazendo 50 anos, lançando livro sobre toda essa história, me reencontrando com ela, colando os cacos. Entendi de fato o que foi a minha vida nesses anos todos. Tudo se encaixou, de certa forma. Ouvimos as mixtapes antigas, voltamos para aquele período em que tudo começou, de 1983 a 1985. O peso se aliviou em relação às nossas histórias. E agora a gente em excursão passa isso adiante, fazendo com que as pessoas se lembrem o que é um bom show de rock. O livro, o disco, a excursão… é a vida se movimentando e indo adiante com a sua bagagem. Numa excursão, a sua vida não é só um ônibus. Ela vai se transformando ali dentro também.
Como tem sido a sua relação com Brasília? Voltar com a Legião traz algum sentimento específico para você?
Toquei aí algumas vezes, durante a Copa de 2014, no Teatro da Caixa. Encontrei amigos de novo. Sempre que a gente volta, tem essa atmosfera que te leva para aquele momento em que a sua vida se transformou. O espaço físico e a energia me levam para 30 anos atrás, no Maristão. E algo acontece, né? Não é nostalgia. É simplesmente uma marca, uma lembrança muito forte de tudo que Brasília representa na minha vida. Me sinto muito bem. Sou quase um paladino de Brasília, defendo a cidade no Rio de Janeiro. Sábado, com certeza, tudo isso vai vir à tona de um jeito muito positivo. Como sempre foi.
Legião Urbana XXX Anos
Dia 7/5 (sábado), às 21h30, no Net Live Brasília (Setor de Hotéis e Turismo Norte, Trecho 2, Conjunto 5, Lote A, 3306-2030). Ingressos a R$ 80 (pista), R$ 140 (pista premium) e R$ 230 (camarote) — valores de meia-entrada. À venda pelo site Ingresso Rápido e pela Central de Ingressos (Brasília Shopping, piso G2). Não recomendado para menores de 16 anos.