Da varanda à web: músicos de Brasília se reinventam na quarentena
Com o cancelamento de shows por causa da quarentena, artistas locais optaram por usar lives e fazer apresentações de casa
atualizado
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A pandemia de coronavírus criou clima de instabilidade no cenário cultural: no caso de Brasília, músicos da cidade estão se reinventando para conseguir sobreviver durante o isolamento social para combater a disseminação da doença.
Desde a edição do decreto do governador Ibaneis Rocha (MDB proibindo aglomerações com mais de 100 pessoas e o fechamento de bares e restaurantes, os músicos da cidade estão em casa, sem palcos para se apresentarem.
Shows foram remarcados, festas seguem em stand-by e as apresentações ao vivo nos bares foram canceladas. Mas nem por isso a cena musical da cidade esmoreceu.
Artistas têm abusado da tecnologia e da criatividade para se manterem ativos neste período de quarentena e combate ao coronavírus. De festivais on-line a shows na varanda dos prédios, os brasilienses seguem consumindo música de qualidade.
Figura conhecida da cidade, Adriana Samartini (foto em destaque) – que sempre apostou no axé como repertório principal – está se dedicando ao Instagram. São lives com influencers e outros artistas locais para se manter na ativa.
“A quarentena impactou a rotina de todo mundo. No meu caso, estou buscando me reinventar e, para não perder o contato com o público, eu tenho feito lives. Até apareci tocando flauta, uma coisa que mostro pouco. É uma forma de levar entretenimento para as pessoas”, conta Adriana.
Reagendamento
A cantora tem reagendado eventos, como a festa Adocica, prevista para 14 de março, e as apresentações em comemorações particulares.
“Logo de cara, a quarentena derrubou todas as nossas datas previstas para o mês de março. Festas, shows em bar, eventos particulares, muita coisa caiu. A gente está aguardando como será a retomada dos trabalhos e até mesmo a reação do público”, conta Thiago Nascimento.
Para se manter ativo, o artista está pensando em se apresentar na varada de casa e tem se dedicado a lives. “A internet me proporciona mostrar meu lado artístico, onde posso me conectar com meu público. O bacana é levar novidade, mas é difícil fazer isso dentro de casa”, conta Thiago.
No entanto, o cantor pondera que o prejuízo financeiro dos artistas impacta o mercado. “Eu ainda tenho algumas reservas, mas o músicos estão parados. É uma situação difícil”, avalia.
“As lives são uma superferramenta para não perder o contato com o público. Estou preparando uma série para apresentar, semanalmente, uma a uma, as músicas do Bella – mais com uma provocação do que virá, mesmo, sem revelar muito, além de duetos com o pianista Felipe Portilho, cada um de sua casa”, reforça Izabella Rocha.
Da varanda de casa
Músico há 20 anos, Bernardo Rosa, da banda DFellas, usou a criatividade. Durante a quarentena, ele foi à varanda de sua casa, em Águas Claras, e decidiu fazer shows para a vizinhança.
“Eu tive essa ideia de fazer as apresentações via live, na janela. Foi uma medida para a higiene mental, para tirar um pouco dessa carga pesada. Assim como tem feito bem para mim, tem ajudado muita gente”, contou Bernardo.
Outras iniciativas são os festivais on-line, um deles é o Fica em Casa, com programação até esse sábado (28/03), trouxe shows de diversos nomes da cultura local, como GOG, Célia Porto e Caê Traven.
O projeto Pontão em Casa também oferece apresentações on-line. Entre os convidados, estão o Bloco Eduardo e Mônica e a cantora Adriana Samartini.