D2 e Djonga sobre música de terreiro em show: “É a nossa vida”
Após uma apresentação conjunta no João Rock, em São Paulo, Marcelo D2 e Djonga reforçam raízes de terreiro
atualizado
Compartilhar notícia
Marcelo D2 levou sua mistura de samba e música de terreiro para o palco do João Rock, no último dia 8, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. O show, que passou por Brasília recentemente, também contou com a participação de Djonga.
Juntos, os artistas exploraram suas vivêncis nos terreiros e entoaram sucessos para mais de 70 mil pessoas reunidas que acompanharam a apresentação. Nos bastidores, eles reforçaram que levar a bandeira das religiões de matrizes africanas no palco ainda é um desafio, mas já foi pior.
“A gente pode ver o copo meio cheio ou meio vazio. Hoje, pelo menos, a gente tem voz para chegar no João Rock e tocar tambor. Há 40 anos atrás era mais difícil. Hoje a gente tem força para lutar. Nossos antepassados sofreram muito com isso, eles carregaram e trouxeram a gente até aqui. Acho que é um privilégio nosso estar aqui tocando tambor”, avalia D2.
Djonga conta que é um frequentador de terreiros e que isso faz parte do seu dia a dia dele. “É uma parada natural nossa. Não é aquela parada de ser só um protesto, é real, é a nossa vida. ‘Por que você está trazendo isso?’ Porque eu vivo. É mais natural do que parece.”
Cantor de sucessos como Leal e Olho de Tigre, Djonga falou ainda sobre as mudanças de estilos ao longo da carreira, que o levaram de um rap mais pesado a uma mistura de ritmos que o destaca como um artista nacional. O crescimento, contudo, provoca reações adversas por parte do público.
“É bom [chegar a esse patamar], mas é difícil porque fica todo mundo me xingando. Sempre que eu mudo a rapaziada fica me xingando”, começa o artista. Ele ressalta ainda que isso faz parte do processo.
“É da hora, porque tipo, quando a galera me xinga, é quando eu percebo que eu consegui realmente que a mudança fosse substancial. Se ninguém falar nada, é porque só eu que mudei. Então assim, é difícil, mas é muito da hora. E é algo que esse cara aqui (Marcelo D2) fez a vida toda. Agora ele foi do rock para o samba, por exemplo”, compartilha Djonga.