Crítica: Robyn volta com o delicioso pop melancólico em Honey
A cantora quebra o hiato de oito anos sem um álbum e acerta em cheio ao valorizar suas principais características
atualizado
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Robyn é uma das artistas da geração indie que ainda causa frisson ao anunciar lançamentos. Dona de uma capacidade única de unir música eletrônica, canções pop e letras românticas, a sueca retorna com o disco Honey (2018): um dos mais desejados lançamentos do ano e, sem dúvidas, uma baita peça musical.
O álbum de nove músicas tem a marca de Robyn. É um tanto dançante, ao mesmo tempo que fala de dor, amor e da dor do amor (desculpe, mas esse jogo de palavras era inevitável). Até o momento, a melhor definição da artista veio da jornalista Jia Tolentino, da revista The New Yorker.
Eu sempre entendi a música dessa popstar sueca de 39 anos como uma espécie de droga dos ‘clubs’: uma substância que aumenta drasticamente sua propensão a dançar e a chorar simultaneamente
Jia Tolentino para a The New Yorker
Mais preciso, impossível. Missing U, faixa de abertura do CD, é exatamente isso. Mais uma vez a cantora traz a tristeza para a pista de dança, em uma faixa que soa catártica, ainda mais ao se descobrir a história por trás. Robyn homenageia seu colaborador e mentor, Christian Falk, morto por conta de um câncer no pâncreas.
Em uma batida que dá vontade de chegar gritando na pista de dança, ela fala: Agora há um espaço vazio que você deixou para trás. Você não está comigo. Eu sigo cavando em nossa ‘perda de tempo”, mas a foto está incompleta. Porque eu sinto saudades”. Talvez, seja esse o mais triste hit dançante da cantora.
A música comprova que o novo disco é uma ponte entre Body Talk (sequência de três miniálbuns lançados em 2010) e os tempos atuais. Fãs mais puristas podem não gostar, mas Missing U soa como um Call Your Girlfriend contemporânea.
Honey, faixa-título do lançamento, segue essa linha que oscila entre a melancolia – por sinal, como a voz de Robyn se encaixa bem nesse sentimento – e uma euforia artificial. De novo, voltamos àquele papo das drogas proposto pela colega da The New Yorker. “Você pode se abrir para o prazer? Sugar isso lá de dentro como um tesouro. Deixar o lugar mais brilhante ser sua paixão. Você pode se abrir para o prazer?”, entoa a cantora.
Outro destaque é Because It’s In The Music, que, sem dúvidas, lembra a pegada Giorgor Moroder feat. Daft Punk vista Random Access Memories (2013). Assim como Between The Lines. Esta última faixa ainda ganha um delicioso contorno noventista da house music.
Robyn, neste novo trabalho, retorna após longos oito anos com o que de melhor sabe fazer: música capaz de romper as barreira do pop e do indie. Seja bem-vinda!
Avaliação: Ótimo