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Crítica: Red Hot Chili Peppers tenta arejar seu som em “The Getaway”

Novo disco do quarteto liderado por Anthony Kiedis e Flea registra variações de estilos com a chegada do produtor Danger Mouse

atualizado

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Reprodução/Facebook/Steve Keros
Red Hot Chili Peppers
1 de 1 Red Hot Chili Peppers - Foto: Reprodução/Facebook/Steve Keros

Das mais de três décadas de carreira do Red Hot Chili Peppers, o mais recente período (de 2006 para cá) parece ser o mais turbulento. Antes uma máquina de fazer hits, o grupo passou por um forçado processo de transição com a saída do guitarrista John Frusciante. Veio, depois, o fraco disco “I’m With You” (2011). Cinco anos mais tarde, o quarteto californiano tenta se reerguer no recém-lançado álbum “The Getaway”.

O CD revela uma procura constante por um novo som, quase que faixa a faixa. Orquestrações, órgãos, pianos, programação eletrônica e até flertes com timbres da music disco se infiltram no funk rock da banda. Anthony Kiedis, vocalista e líder do grupo ao lado do baixista Flea, parece mais pensativo do que de costume.

Boa parte das letras reflete sobre o fim de relacionamento com a modelo australiana Helena Vestergaard, 31 anos mais nova que ele, e a atual fase da banda: consciente do passado meteórico, mas pessimista em relação aos tempos contemporâneos.

Um disco (vacilante) de transição
Nos bastidores, saiu o longevo produtor Rick Rubin e entrou Danger Mouse, um músico que fez seu nome se associando a artistas de gêneros diversos (Gorillaz, Norah Jones, Adele, The Black Keys).

Outro ponto de virada vem dos próprios músicos. Josh Klinghoffer, novo guitarrista, parece mais seguro, enquanto Flea trouxe do projeto paralelo Atoms for Peace o produtor Nigel Godrich, do Radiohead. Ele comandou a mixagem de “Getaway”.

Os elementos de mudança estão todos aí, mas o Red Hot ainda tem dificuldades de se situar numa era em que o rock não consegue mais ditar as regras na música pop.

Nesse sentido, é curioso notar como a banda esgota todas as novidades já nas primeiras faixas: “The Getaway” e “Dark Necessities”, ambas funcionando como rascunhos de uma fase movida a influências melódicas de Radiohead, orquestrações e entradas eletrônicas de Danger Mouse.

Pílulas de sabedoria
As faixas mais seguras surgem todas na primeira metade, até “Go Robot”. Em “We Turn Red”, a banda brinca com seu próprio status: “Nós ficamos enormes e nós ficamos pequenos”. “The Longest Wave”, mais um lamento sobre Helena, reúne elementos que lembram a melancolia extravagante do Oasis.

O baixo de Flea protagoniza o melhor momento de “Goodbye Angels”, enquanto “Sick Love” tem Elton John no piano. Nessa fase um tanto soturna, de fuga de si, de distância dos próprios clichês, o Red Hot volta timidamente a falar sobre sexo (tema histórico da banda) em “Go Robot”, uma música sobre a falta de sensualidade numa era dominada por máquinas.

Daqui em diante, “Getaway” reúne uma série de variações em torno das mesmas faixas da primeira metade, com alguns bons achados dentro das próprias músicas – como Flea tocando trompete em “The Hunter”. O Red Hot faz até uma crônica sobre as coisas simples da vida em “Encore”. Pílulas de sabedoria de uma banda que tem sofrido com o envelhecimento.


“The Getaway” (Warner Music, R$ 34,90)

O disco está disponível em Google Play, iTunes e Spotify

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