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Crítica: por meio de ataques, Eminem tenta se autoafirmar em Kamikaze

No 10º álbum de estúdio, Slim Shady reafirma sua excelente técnica como MC, mas peca com a falta de conteúdo nas letras

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2018 iHeartRadio Music Awards – Show
1 de 1 2018 iHeartRadio Music Awards – Show - Foto: Getty Images

Como um rapper branco, vindo de uma família problemática e tentando criar reputação de respeito em um meio predominantemente negro, Eminem sempre pautou seu estilo pelo lema O ataque é a melhor defesa. A mistura de raiva, xingamentos politicamente incorretos, paranoia e uma dose saudável de humor e autocrítica – tudo isso embalado por uma técnica impecável como MC – levou Marshall Mathers a ser não apenas um dos nomes mais respeitados do hip-hop mas o artista que mais vendeu discos nos Estados Unidos na década passada (superando nomes como Britney Spears, Adele, Backstreet Boys e Coldplay).

Em Kamikaze, seu 10º álbum de estúdio, Eminem chega o mais perto de recriar a mágica de seus três principais trabalhos – The Slim Shady LP (1999), The Marshall Mathers LP (2000) e The Eminem Show (2002).

A técnica, a velocidade quase olímpica e as mudanças de cadência estão todas lá – desde a abertura The Ringer, passando pela supersônica Lucky You e a provocativa faixa título. Um ouvinte distraído pode ouvir Kamikaze achando que Eminem reencontrou a velha forma. Porém, aos 45 anos, o problema do rapper nunca foi a forma, e sim o conteúdo.

Com exceção de Stepping Stone, uma das boas faixas do disco e um dos seus raros momentos de reflexão, Eminem passa parte de Kamikaze criticando jornalistas, atacando rappers contemporâneos e reafirmando seu status dentro do hip-hop. Em Not Alike, por exemplo, o artista debocha da suposta simplicidade de Bad & Bougee, do Migos, e afirma que ele não tem nada em comum com Machine Gun Kelly, outro rapper branco; em The Ringer, acusa Lil Pump e Lil Xan de imitar Lil Wayne; já em Kamikaze, Slim Shady vai atrás de Drake usando a denúncia de que o canadense não escreve as próprias rimas como munição para as investidas.

Outra questão que expõe o anacronismo de Eminem é a reincidência de letras que fazem pouco caso de assuntos como violência doméstica, a exemplo de Nice Guy e Good Guy, e homofobia – ele chama Tyler, the Creator de viado em Fall.

Você pode argumentar que atacar e provocar rivais faz parte da tradição do hip-hop, e o tom politicamente incorreto é uma das assinaturas de Eminem. Porém, um dos maiores atrativos do hip-hop é o seu frescor e a sua capacidade de traduzir em batidas e rimas tendências e comportamentos atuais. Ao abordar, em 2018, certos temas do mesmo modo como fazia em 1998, sem propor novas ideias ou reflexões, Eminem demonstra que o ritmo o qual comandou com tanta facilidade durante uma década parece finalmente tê-lo superado.

Avaliação: regular

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