Crítica: Nicki Minaj retorna contra tudo e todos em Queen
A rapper trinitina está mais provocadora e eficiente do que nunca em seu poderoso quarto álbum de estúdio
atualizado
Compartilhar notícia
Nicki Minaj há muito já tinha se estabelecido como uma das principais rappers do mundo pop. Desde que foi descoberta em 2010, por Lil’ Wayne, sua língua ferina e rápida, misturada com as letras bem-humoradas, rendeu-lhe um merecido lugar à mesa com os principais nomes do hip-hop. Somam-se a isso a sensibilidade pop e as melodias cativantes, e a artista trinitina de 35 anos consegue ser tanto Missy Elliot e Queen Latifah quanto Rihanna e Ariana Grande.
No entanto, nos últimos anos, a rixa com outras artistas – entre elas, a atual queridinha do rap, Cardi B – e a questionável parceria com o rapper 6ix9ine (ele admitiu culpa em uma denúncia envolvendo abuso de um menor) arranharam a imagem de Minaj. Todavia, em Queen, seu quarto álbum de estúdio, a cantora está mais preocupada em reafirmar seu status no jogo do que em pedir desculpas por erros passados. E, na maior parte dos 66 minutos e 17 músicas (com dois interlúdios), a popstar é bem-sucedida em sua missão.
Para não deixar dúvidas de suas intenções, as três primeiras faixas responsáveis por abrir o disco contam com Nicki reafirmando sua posição de realeza, defendendo sua sexualidade e atacando qualquer um que tenha olhado torto para ela na rua.
Na caribenha Ganja Burns, a artista avisa: “Eu recuperei meus poderes, assusto até zumbis”. Além disso, dispara indiretas bem diretas: “Diferentemente de todas essas piranhas, pelo menos eu posso dizer que escrevi cada rima que eu mando”, em clara referência ao recém-desafeto Cardi B, criticada por usar ghostwriters em suas músicas.
Já em Majesty – liricamente poderosa, mas musicalmente aquém do resto do disco –, Minaj conta com assistência de outro famoso boca-suja, Eminem, para declarar que não há discussão sobre quem é a rainha e quem são os súditos.
A terceira faixa, Barbie Dreams, é um destaque não só do disco, mas também de toda a carreira da rapper. Tudo o que Minaj costuma entregar tão bem está ali: rimas rápidas, ofensivas e bem-humoradas sobre Drake, 50 Cent, o atleta Odell Beckham Jr. e uma linha impagável sobre os hábitos alimentares e sexuais do DJ Khaled.
Outro ponto alto do disco é Chun Li, que já havia sido lançada anteriormente como single e também pode ser considerada uma canção-símbolo do álbum: um rap rápido, arrogante, cheio de provocações e bastante eficiente.
A rainha também é amor
Nem tudo é ódio no coração em Queen. Em Bed e Thought I Knew You, colaborações com Ariana Grande e The Weeknd, respectivamente, Minaj deixa seu lado romântico e dançante respirar. E ele pode ser tão certeiro quanto as tiradas da rapper, como podemos ouvir na mais convencional Come See About Me.
Em outras palavras, Queen não é apenas um retorno triunfal após quatro anos sem um disco de inéditas, mas também uma declaração de missão de uma artista que, quando questionada, respondeu reafirmando sua posição dentro do rap e sua onipresença na cultura pop. Doa a quem doer.
E disseram que ela estava na pior…
Avaliação: Excelente