Crítica: Madame X é um bom disco que não está à altura de Madonna
Como tudo que a rainha do pop faz, o álbum não é ruim, mas falta o tempero que marcou a carreira da superestrela
atualizado
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Não há forma de começar este texto sem dizer um abobalhado clichê: Madonna é como pizza, até quando é ruim, é bom! Explico. A rainha do pop não ostenta esse título à toa, é uma das fundadoras de uma indústria que movimenta milhões e esteve na vanguarda em boa parte de seus 36 anos de carreira. Em Madame X, a popstar traz um disco correto, dançante, mas sem tempero e apelo.
Madonna, aos 60 anos, tem a incrível capacidade de se manter relevante em um mercado que tende a excluir mulheres mais velhas do jogo. Ela se recusa a sair, e o disco mostra isso: as faixas não são ruins, mas não têm o toque que tornou a cantora a “dona da porra toda”. São regulares, do início ao fim.
Essa conclusão, aliás, está presente desde MDNA (2012). No entanto, no álbum lançado há sete anos, a cantora estava atual, na mesma batida daquelas que brilhavam como novidades da cena. Agora, a mesma fórmula soa datada, mesmo que divertida de ouvir.
Logo de cara, Madonna apresenta Medellín, incensada parceria com Maluma. Radiofônica? Sim! Dançante? Claro. Mas, a essa altura do campeonato, a maior estrela do cenário quer entrar no mundo do reggaeton latino? Ideia escancarada em Bitch I’m Loca, também cantada ao lado do colombiano.
Anitta
O mesmo se repete em Faz Gostoso, na qual ela convida a brasileira Anitta. Enquanto, para a nossa funkeira, gravar com Madonna é algo para colocar em caps lock no currículo, novamente parece que a rainha do pop busca no óbvio sua maneira de se manter relevante.
Podem parecer palavras duras, mas é que de Madonna sempre se espera um nadar contra a corrente, buscar um refúgio menos seguro. A tal banalizada expressão “reinventar o pop” é a cara da artista. Mas Madame X é uma sucessão de singles mais do mesmo.
Acha injusto? Então, proponho uma pergunta: você trocaria a coletânea The Immaculate Collection por Madame X? Pois é!
Fracassou?
No entanto, engana-se quem acha que o disco é um fiasco. Longe disso: o talento de Madonna a mantém muito afastada de um fracasso total. Há seus bons momentos, como Dark Ballet ou God Control – uma das minhas favoritas. Esta faixa, inclusive, tem direito a um coral. Maravilhoso! Madonna ao extremo.
Madonna é incrível. Seu lugar no panteão do pop está assegurado para sempre. Se os últimos trabalhos têm sido regulares, azar deles. Quem já fez Like a Prayer, Like a Virgin e, mais recentemente, Hung Up, já contribuiu para nossa diversão mais que qualquer “topo das paradas” atuais.
Mal ou bem, volte sempre, Madonna!
Avaliação: Bom