Crítica: Luísa Sonza transforma todo o hate em música no disco Doce 22
A cantora Luísa Sonza traz um álbum pop, com músicas que falam dos ataques que sofreu nos últimos anos
atualizado
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Um caminho fácil seria começar este texto falando que, em Doce 22, novo disco, lançado nesse domingo (18/7), Luísa Sonza “dá várias indiretas”. Fácil, reducionista e, principalmente, errado. A cantora transformou toda a onda de hate e ataques que sofreu nos último anos em música pop – e a arte é isso, não?
É difícil fazer um ranking de quais cantoras foram mais atacadas nos últimos anos. Ludmilla, Anitta, Karol Conká e várias outras foram alvo de verdadeiras campanhas de ódio, pelos mais diferentes motivos… Luísa Sonza está também nesse indesejado ranking.
Casamento com Whindersson, divórcio do humorista, relacionamento com Vitão e, até mesmo, a morte do filho de Whindersson. Todos esses acontecimentos respingaram em Luísa Sonza, chamada, como ela mesma lembra em Intere$$eira, de “puta, vagabunda, interesseira, sem talento, sem graça e forçada”.
A tumultuada vida da artista aparece em outros momentos de Doce 22. Em Mulher do Ano XD ela reafirma seu talento e abusa da sensualidade – justamente a cantora que foi apontada por “apenas saber falar de raba”.
Em INTERlude, Luísa Sonza faz um discurso: “As pessoas que não sabem amar. Elas te obrigam a ser pequena, elas te obrigam a se desfazer do que você é, das suas peças, a se desencaixar de você mesma pra se encaixar em um lugar que você nem pertеnce”. É possível que a mensagem seja direcionada a Whindersson? Sim, mas isso importa? Não. A cantora tem direito de desabafar.
Melhor Sozinha :-)-: parece uma música da superação do trauma e a descoberta de um novo amor – bom, já que a vida da artista virou pública nos últimos anos, dá para apontar que é uma faixa dedicada a Vitão, o atual namorado.
“Eu tive que desaprender a gostar tanto de você/ Não finge que não viveu toda nossa história” são os versos de Penhasco, música na qual Luísa claramente revive o divórcio com Whindersson.
E a mesma linha de reviver os próprios traumas e as próprias alegrias estão nas outras faixas – ao menos as disponíveis, porque, afinal, três ainda não foram divulgadas –, como caos/flor*** (com direito a trecho de Flores, parceria com Vitão), O Conto dos Dois Mundos (hipocrisia) e Também Não Sei de Nada 😀 (com participação de Lulu Santos)
Luísa Sonza traz um disco que vai do batidão de Modo Turbo à reflexão sobre seus amores e desilusões. Tem flerte com o R&B e com o funk, com altas doses de pop.