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Crítica: Eric Clapton revive o blues com energia no disco “I Still Do”

Com músicas próprias e versões de Bob Dylan, JJ Cale e Robert Johnson, o roqueiro passeia por novos e velhos blues à sua maneira, com guitarras potentes e interpretações emotivas

atualizado

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Larry Busacca/Getty Images
Eric Clapton’s Crossroads Guitar Festival 2013 – Day 2 – Show
1 de 1 Eric Clapton’s Crossroads Guitar Festival 2013 – Day 2 – Show - Foto: Larry Busacca/Getty Images

Um gênio da guitarra, Eric Clapton parece especialmente inspirado quando se vê na companhia de outros gigantes. Aos 71 anos, ele acumula experiências que vão desde as bandas Yardbirds e Cream às várias parcerias com George Harrison, B.B. King, JJ Cale e outros grandes nomes. Em “I Still Do”, seu 23º disco solo, ele mostra novas canções e relê blues de amigos e ídolos com energia e sentimento.

Rústico, grave e seguro: “Eu ainda consigo”
Um purista do blues, Clapton cercou-se de conhecidos para criar uma atmosfera apropriada para “I Still Do”. A começar pela arte de capa: de braços cruzados e roupas simples, ele é ilustrado pelo artista Peter Blake, que também fez o visual do disco ao vivo “24 Nights” (1991).

Para produzir as canções do jeito certo, direto e emotivo, ele chamou o produtor Glyn Johns, experiente figura por trás de “Who’s Next” (1971), do The Who, “Sticky Fingers” (1971), dos Rolling Stones, e dois discos clássicos de Clapton, “Slowhand” (1977) e “Backless” (1978).

Das 12 músicas, apenas duas levam assinatura do músico. Por meio delas, ele parece reforçar o que é sugerido no título do disco: “Eu ainda faço” (ou “eu ainda consigo”, numa tradução mais livre). Ele ouviu essa frase de uma tia à beira da morte, quando ela confortou o sobrinho dizendo que sim, que ainda gostava dele.

Em “Spiral” (vídeo acima), o testemunho chega a ser primal: “de manhã, de dia, de tarde, de noite / eu preciso disso / eu preciso desse blues”. Com estilo acústico, próximo ao do megapopular CD “Unplugged” (1992), ele revela uma narrativa de amor perdido em “Catch the Blues”.

Reprodução/Spectator
O amigo JJ Cale: homenageado novamente em “I Still Do”


Velhos blues: produção caseira, mas sofisticada

Mais interessante que a obra solo de Clapton é a maneira vívida com que ele usa suas guitarras intuitivas e vibrantes para revisitar músicas de amigos e ídolos. Nesse sentido, a versão faiscante de “Stones In My Passway” é especialmente brilhante: uma reverência cuidadosa de uma gema do lendário Robert Johnson.

A técnica apurada de Clapton também serve para entregar um bonito cover de “I Dreamed I Saw St. Augustine”, em que ele arranha até tímidas imitações da voz de Bob Dylan, autor original da faixa. Arrastada como uma marcha pela América rural, “I’ll Be Alright” representa mais um feliz encontro de Clapton com as tradições do blues regional.

Bushbranch/Surfdog/DivulgaçãoMesmo após “The Breeze” (2014), um disco inteiro de homenagens ao amigo blueseiro JJ Cale (1938-2013), Clapton volta a prestar tributo ao coautor de “Cocaine”. “Can’t Let You Do It” e “Somebody’s Knockin'”, cada uma numa ponta do disco, funcionam como encorpados flashbacks do blues rock dos anos 1970.

“I Still Do” lembra de leve o resgate das canções favoritas da infância feito no irregular disco “Old Sock” (2013). Desta vez, Clapton abranda a nostalgia e consegue gravar um disco vibrante, ainda que enraizado nas tradições musicais que tanto venera. O deus da guitarra toca o que já conhece de cor com uma sofisticação agradavelmente caseira.


“I Still Do” (Universal, R$ 33,90)

O disco está disponível nos serviços de streaming Google Play, iTunes e Spotify

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