metropoles.com

Crítica: em Scorpion, Drake luta para manter seu status no rap

Após ataques certeiros de rival, rapper canadense entrega seu trabalho mais ansioso e flerta com a repetição

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Reprodução
drake-840×577
1 de 1 drake-840×577 - Foto: Reprodução

Os beefs do hip-hop não são o que costumavam ser. Felizmente. Nos anos 1990, a rivalidade entre as costas Oeste e Leste nos roubou dois dos maiores nomes da história do movimento, Tupac e Notorious B.I.G, assassinados, aos 25 e 24 anos, respectivamente. Hoje, quando Pusha T ataca o nome mais popular do momento, expondo um filho não assumido com uma ex-atriz pornô, Drake responde da forma mais Drake possível: “Eu não estava escondendo meu filho do mundo/Eu estava escondendo o mundo do meu filho”.

A frase encontra-se na faixa Emotionless, do quinto álbum de estúdio do rapper canadense, Scorpion, lançado na última sexta-feira (29/6). No disco, Drake desfila todos os “drakerismos” que o levaram ao topo das paradas em todo o mundo nos últimos 10 anos – as melodias bem acertadas, tanto românticas quanto dançantes, as reclamações sobre o isolamento e a falsidade trazidas pela fama, a ostentação de suas conquistas materiais e profissionais, etc.

No entanto, pela primeira vez em muito tempo, a mistura entre confiança e vulnerabilidade parece ter dado lugar a um ego ferido, a uma urgência e ansiedade para mostrar: tudo está bem no império Drake. Soma-se a isso o fato de Scorpion ser composto de 26 faixas e quase 90 minutos de duração, e seria difícil mesmo apresentar um trabalho focado e bem editado – uma questão que prejudicou também o ótimo, porém longo demais, More Life, de 2017.

Dito isso, Scorpion tem, sim, seus tesouros. Além das excelentes e estouradas God’s Plan e Nice for What, o dueto com Michael Jackson em Don’t Matter to Me lembra uma menos dançante Passionfruit, uma das melhores faixas de More Life; em 8 Out of 10, o Drake desafiador dá as caras, respondendo aos ataques de Pusha T com vigor; e, em March 14, o cantor confessional aborda suas questões com a família e promete ser um pai presente para o seu filho, por cima de uma batida minimalista, chamando atenção para a sinceridade de suas palavras.

Musicalmente, Scorpion não apresenta as explorações demonstradas em Views e More Life com grime e dance hall, respectivamente, preferindo apostar na segurança do r&b e do rap para passar sua mensagem: a de que Drake, apesar de ter acusado o golpe no episódio contra Pusha T, é ainda o maior produtor de hits da atualidade e tem seu lugar no topo da cadeia alimentar do hip-hop garantido. Pelo menos por mais alguns anos.

Isso porque, Scorpion, em todo seu inchaço dramático, seu foco em dramas pessoais e suas repetitivas afirmações de que, sim, Drake ainda produz hits em quantidades industriais, liga o alerta: não é só a violência e a masculinidade tóxica que encurtam a carreira de grandes estrelas: as armadilhas do ego e o isolamento também podem ser inimigos mortais.

Avaliação: Bom

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comEntretenimento

Você quer ficar por dentro das notícias de entretenimento mais importantes e receber notificações em tempo real?