Crítica: em I Love, Natiruts equilibra inovação, romantismo e reggae
O oitavo disco da banda brasiliense mostra a versatilidade do grupo surgido nos anos 1990
atualizado
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Das bandas surgidas em Brasília nos anos 1990, o Natiruts certamente é aquela que manteve a carreira mais relevante: atualmente, o grupo coloca-se como a principal (ou ao menos no top 3) referência do reggae brasileiro. Em I Love, oitavo disco do trio, essa força criativa segue a todo vapor.
Grande parte da capacidade do Natiruts em se manter relevante está na habilidade de se reinventar dentro do gênero. No entanto, as modernizações não são acompanhadas de descaracterizações, são doses parcimoniosas de novidade, sempre com respeito à calma e ritmada batida do reggae.
Prova disso é a faixa de abertura do disco. Serei Luz, parceria com o pagodeiro Thiaguinho, tem gosto dos hits da banda brasiliense. O ex-vocalista do Exaltasamba não tenta uma mescla de ritmos, ele mergulha na pegada do Natiruts e entrega uma faixa dançante, agradável e com cara radiofônica.
Boa parte das novidades do novo disco vem nas faixas seguintes: Deriram e I Love – parceria com os norte-americanos do Morgan Heritage. A melodia do reggae une-se a ritmos da América Latina. Um frescor no portfólio da banda, que foi ao Chile fotografar as imagens de divulgação do álbum.
O principal destaque de I Love é Xaxado do Amor: um dancehall (estilo de reggae menos político e mais ritmado) à brasileira. Uma faixa com a cara do Natiruts – tanto o de outrora quanto o contemporâneo. Acerto grande do álbum.
Raízes
Na segunda parte do disco, a partir do featuring com Gilberto Gil (Verde do Mar de Angola), a África ganha mais espaço, enquanto, musicalmente, a obra caminha para a tradição Brasil-Jamaica do gênero.
A linha permanece em O Silêncio Virou Som, que, em alguma medida, flerta com pop, samba e bossa. O tradicionalismo volta à cena em Mergulhei nos Seus Olhos, parceria com o neozelandês Logan Bell.
Avaliação: Bom