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Crítica: Ellen Oléria conecta o passado e o futuro em “Afrofuturista”

Ao voltar para a produção independente, a cantora retoma o repertório autoral, desta vez, influenciado pelo conceito do afrofuturismo

atualizado

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Thiago Sabino/Divulgação
Ellen Oléria , cantora e compositora
1 de 1 Ellen Oléria , cantora e compositora - Foto: Thiago Sabino/Divulgação

Eram os anos 2000 e o Calaf uma das principais casas de música de Brasília. Em um show, durante a semana, o local estava lotado. As atrações eram alguns artistas de Brasília, entre eles, Ellen Oléria.

Atriz formada pela Universidade de Brasília (UnB), Ellen unia a performance cênica com a sua música (autoral, diga-se de passagem) e deixava o público em êxtase – mesmo se aquele fosse o primeiro contato com a artista.

De lá pra cá é história. A cantora, nascida em Taguatinga e criada em Ceilândia, gravou o primeiro CD, “Peça”, em 2009; e três anos depois chegou com o DVD “Ellen Oléria e Pret.utu – Ao Vivo no Garagem”. Um lindo registro com participações especiais de Hamilton de Holanda, Emicida, GOG e Gérson King Combo.

Seria justo afirmar que Ellen começou com o pé direito. A qualidade do CD de estreia reflete o talento da artista no canto, na interpretação e na composição. O resultado não podia ser diferente. Músicas como “Posso Perguntar?”, “Testando”, “Mandala” e “Senzala” não são um golpe de sorte.

Mas algo mudou em 2013. Após vencer o reality “The Voice Brasil” (sim, ela era a melhor), Ellen levou como prêmio um CD na Universal Music, uma das maiores gravadoras do país. O álbum, com o nome da artista, tinha poucas autorais e muita regravação, com arranjos que limitavam a voz da cantora. A carreira seguia, mas parecia que faltava algo.

reprodução/internet

Afrofuturo
A virada acontece agora, em 2016, com o lançamento de “Afrofuturista”, CD criado a partir do conceito do afrofuturismo (estética que “atualiza as heranças afrodiaspóricas”). Produção independente com 13 faixas, o álbum é um encontro do passado com o futuro da cantora.

As letras inspiradas e inspiradoras – como ouvimos em “Peça” – voltaram. Logo na primeira faixa, “Afrofuturo”, Ellen avisa: “Agora, sim! Temos opções/Quebrando os padrões/Saindo dos porões/ Dê-me um punhado de palavra e fogo/Faço minhas poções/Mágica do amor”.

Ao longo do disco, a pegada mais roqueira, com guitarra, baixo e programações, dá lugar ao afoxé, ao forró e ao samba, entre outros ritmos brasileiros que predominam no CD. Seu Estrelo e o Fuá de Terreiro, grupo de cultura popular responsável por criar o mito brasiliense do Calango Voador, participa de “A Nave”, digna de trilha de ficção científica.

A balada “Slow Motion” lembra muito as músicas do disco de estreia, revisitado por meio da nova versão de “Mandala”.

Encontro afrolatino de Ellen com a cantora cubana Yusa, “Areia” tem letra e música da dupla, e fala de amor, encontros e desencontros em ritmo caribenho.

Por fim, vale ressaltar os excelente arranjos, assinados por Ellen, Pedro Martins e Felipe Viegas. Pratas da casa, Pedro (vencedor do Festival de Montreux) e Felipe são músicos de primeiro time, que consolidam a tradição instrumental candanga.

Avaliação: Muito bom.

Disponível no Deezer, iTunes e no Spotify.

 

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