Crítica: Charli, de Charli XCX, é a vanguarda pop do momento
A cantora busca o experimentalismo e entrega disco que vai além da mesmice da indústria
atualizado
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Estar na vanguarda sempre caminha no limite do risco de ser visionário ou um desajustado. A britânica Charli XCX sabe disso bem: incomodada com a pasteurização da cultura pop, a cantora sempre tentou algo diferente.
Em seus discos (True Romance e Sucker) e mixtapes anteriores, agradou parte da crítica por buscar a inovação, mas o sucesso de público só vinha quando seguia a cartilha da indústria – por exemplo, nas parcerias com Icona Pop e Iggy Azalea.
Em seu terceiro disco de estúdio, Charli, a cantora mostra que essa trajetória só a fez a aprimorar seu lado avant-garde.
Sem medo de arriscar em sonoridades mais complexas, a cantora expõe sua reflexões, provando-se uma letrista interessante. Charli, então, é um disco de vanguarda num pop marcado pela mesmice.
Pop de vanguarda
Para tal, Charli XCX se uniu a nomes que apostam nessa pegada: em Gone, as linhas de eletro se misturam ao vocal de Christine and the Queens. “Eu me sinto tão instável, odiando todas essas pessoas. [E] como elas estão fazendo eu me sentir”, diz a artista.
No disco, ainda há espaço para outras ótimas colaborações com HAIM, Lizzo e Troye Sivan – na deliciosa 1999.
Saindo do campo radiofônico, a cantora experimenta em Shake It (com direito a efeito de “bolhas de água” na voz), colaborando com Pabllo Vittar, Big Freedia e Brooke Candy.
Charli mostra que Charli XCX não precisou abandonar seu lado mais interessante para hitar, apenas trabalhou ele em um produto capaz de abrigar os anseios da indústria e o “ouvido de vanguarda” da artista.
Avaliação: Ótimo