Conheça Lenin, cantor que dissemina a cultura indígena com o Q-pop
Inspirado no K-pop, o peruano produz músicas com o idioma indígena quéchua, de povos do Peru, Bolívia, Equador, Chile, Colômbia e Argentina
atualizado
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Lenin Tamayo Pinares é um cantor peruano que está fazendo sucesso com o Q-pop, um estilo musical derivado do idioma quéchua, utilizado por povos indígenas que vivem no Peru, Bolívia, Equador, Chile, Colômbia e Argentina.
O estilo do cantor é inspirado no K-pop. A música do momento do artista é Imaynata, na qual ele utiliza peças de couro e um par de coturno, inspirado em um clássico clipe do pop coreano. A surpresa vem na música, com o idioma quéchua.
“O K-pop é uma indústria de entretenimento que acabou embalando pessoas que não necessariamente moram na Coréia. As pessoas sentem, as pessoas dançam, as pessoas buscam informações sobre”, disse Lenin Tamayo para o Uol.
“Acontece a mesma coisa com o quéchua. Quero que minha música seja exportada para o mundo? Sim, mas que seja vista também a cosmovisão andina, essa conexão com a natureza, as pessoas, a vida”, completou.
O artista afirma que utiliza o idioma no dia a dia, em conversas familiares. “Sou filho único de mãe solo. Eu e minha mãe usamos o quéchua para conversar e fazer piadas internas”, contou.
Apesar das inspirações do latinas, Lenin também quis utilizar um pouco do sucesso do K-pop nas suas criações. “A população quéchua não fica isolada sem contato com referências internacionais. Nós também somos muito afetados e também consumimos muito deste material”, explicou.
Com aparência andrógina, ele mistura roupas dos anos 1980, 1990 e 2000 com peças de artesanato andino, com cores vibrantes, tricô e pompons. “Minha roupa abraça essa mensagem porque não sigo o padrão de beleza que esperam. Isso acaba se mostrando vários problemas da sociedade latino-americana.”
Na matéria especial do UOL, segundo levantamento feito pelas Nações Unidas em 2019, cerca de 12 milhões de pessoas têm o quéchua como seu idioma nativo. A estimativa é que o quéchua seja uma língua de cinco mil anos.
O uso do idioma foi proibido após 1780, por conta da colonização espanhola, e só foi reconhecido novamente em 1975, quando o general Juan Velasco Alvarado reconhece o quéchua como idioma oficial do Peru.