Conheça Daniel Moscardini, o baterista autodidata radicado na capital
O jovem largou a carreira de arquivista para se dedicar à música
atualizado
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Do lado de fora de um estúdio no subsolo do Bloco A na comercial da 411 Norte, quase não se ouve barulho de instrumento musical. Mas dentro do local de ensino de Daniel Moscardini, 31 anos, a história é completamente diferente. O roqueiro abre a porta com um sorriso, em contraste direto com o som estrondoso da bateria.
Nascido em São Paulo, ele começou a tocar quando se mudou para Minas Gerais aos 11 anos, na cidade de Ilicínea – pequeno município com apenas 10 mil habitantes. O baterista aprendeu a tocar sozinho e comprava os equipamentos em uma cidade vizinha, distante 100km.
Em 2002, aos 15 anos, Moscardini se mudou para Brasília. Desde então, ele sempre fez parte de alguma banda. Quando se formou no Ensino Médio, começou a estudar arquivologia na Universidade de Brasília (UnB) e intensificou a participação em grupos da capital. Ele foi contratado para a loja de instrumentos musicais Made in Brasil e, como era de se esperar, foi trampar na seção de bateria. Lá, Daniel aumentou ainda mais seu círculo de contatos no mundo da música.
Moscardini compareceu a uma pequena convenção musical no Centro de Convenções Ulysses Guimarães em abril de 2010 e foi apresentado à Laura Bahia, a então gerente da Orion, a maior fabricante de pratos na América Latina.
Após conversar com a ex-gerente enquanto ela fumava, Moscardini teve seu currículo aceito e o sonho de viver de música ficou mais próximo. Quando faltavam apenas detalhes para fechar o contrato de “endorser” – que daria a ele o privilégio de receber os instrumentos de graça –, Laura deixou a empresa e o rapaz teve de cavar espaço com novo executivo: Paulinho Sorriso.
Persistente, o músico seguiu atrás do objetivo e conseguiu se tornar parceiro da Orion por conta de seu canal no Youtube, ele exibe suas habilidades com o material e a qualidade dos pratos fornecidos pela marca. “Devo tudo a um cigarro”, brinca.
Em 2013, fechou patrocínio com as baquetas Spanking. No ano seguinte, lançou o DVD Metal Techniques e aumentou o número de parcerias, como a fornecedora de peles Aquarian. Então, uniu-se a Pearl.
A configuração da bateria do músico é única no país. Além disso, Moscardini conta que gosta de “inventar moda” para experimentar novas sonoridades. Em cima de um dos pratos de seu instrumento, montou um prato menor para dar um “som feio”, mas que no contexto da batida funciona.
A escola de música de Daniel foi formada em agosto de 2014 e, para conseguir manter o espaço, precisava de sete alunos. Até o final da semana já havia recebido 13 inscrições. Foi quando o artista percebeu que poderia viver só de sua verdadeira paixão. Largou o estágio e se dedicou ao que sabe fazer de melhor.
Meu primeiro workshop no Acre, toquei em uma Assembleia de Deus… toquei Death Metal [risos]
Daniel Moscardini
“Tenho estudantes com 60 anos e o Gustavo, que tem oito. Não dá para usar a mesma metodologia com os dois”, explica. Hoje em dia, ele administra cerca de 40 alunos.
Fora da sala de aula, Moscardini segue participando de bandas. No dia 17 de março, por exemplo, tocará com a Soda Sound, no Santa Fé (Jardim Botânico).