Conheça Brícia Helen, a representante de Ceilândia e do DF no “The Voice Brasil”
A cantora de 19 anos é mãe de dois filhos, vive de música e aprendeu sozinha a cantar em inglês
atualizado
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Pelo Distrito Federal, existem centenas de escolas de inglês. Milhares de jovens têm acesso aos cursos e a viagens internacionais, mas poucos teriam a segurança de subir em um palco e cantar em inglês. Brícia Helen, 19 anos, nunca frequentou uma dessas salas de aula, mas, mesmo assim, pode ter garantido a passagem para fama cantando na língua do Tio Sam, no “The Voice Brasil”, da Rede Globo.
A jovem, que mora em Ceilândia, não fez cursos, menos ainda intercâmbio. O contato com a língua inglesa começou na rede pública de ensino – onde aprendeu o básico. As letras das cantoras prediletas (Rihanna, Beyoncé e Jessie J) foram decoradas e repetidas à exaustão.Ela sempre treinou muito: ouve as músicas e repete cada palavra diversas vezes, até o som ficar igual. A Brícia também confere as traduções para aprender.
Fred Batera, 30 anos, namorado da cantora
Aos 12 anos, Brícia e a facilidade em cantar na língua inglesa já impressionavam. Com essa idade, ela se apresentou no festival de música do Centro de Ensino Fundamental 20, de Ceilândia. Ganhou a competição nesse e nos três anos seguintes – sempre com faixas do pop internacional.
Outra fonte de inspiração foi uma tia de criação casada com um norte-americano. Quando vinha ao Brasil, a parente ligava para o marido e Brícia ficava vidrada, ouvindo a conversa. “Ela acha o inglês muito chique”, revela Fred.
“A dicção dela é maravilhosa. Todo mundo se impressionou quando ela subiu no palco e cantou em inglês”, relembra a professora Robervânia, que há 15 anos organiza o festival e é uma conselheira próxima de Brícia.
A estreia no festival de Ceilândia foi com um hit de Rihanna: “Umbrella”. “Conheci ela na Sara Nossa Terra e lembro desse show. Aonde a Brícia ia, a gente pedia uma palinha”, conta o amigo de infância Adilson Ribeiro, 19 anos.
Performance
Brícia é mãe de Lara, 1 ano e 4 meses, e de Diogo, 3 anos. Mesmo com tanta responsabilidade, ela ainda é uma jovem de 19 anos, que, amante da música pop internacional, cresceu ao som dos lançamentos de suas cantoras prediletas a um YouTube de distância: Rihanna, Beyoncé e Jessie J.
Delas, a artista tirou algo – não se sabe se de forma consciente: a presença de palco. Nos 30 segundos do “The Voice Brasíl”, Brícia não dançou como Beyoncé nem mostrou a ousadia de Rihanna. No entanto, cantou com a força que as popstars sempre exalam.
“A melhor qualidade dela é a interpretação”, conta o guitarrista Júnior Cabelera, 35 anos. Todas as quintas-feiras, ele e Brícia se apresentam no Piratas de Águas Claras. No entanto, a cantora deve se afastar da banda nas próximas semanas por conta das gravações do reality show global.
Somada a carreira-solo e a banda, Brícia canta de três a quatro vezes por semana. Bares, casamentos e formaturas são os palcos dela. “Nós vivemos de música. Agora, com essa exposição, esperamos passar a viver bem”, brinca Fred Batera.
Trajetória
A história de Brícia é parecida com a de muitos jovens da Ceilândia. Filha de pais divorciados, ela estudou em escolas públicas. Depois, passou no vestibular de Letras na Faculdade JK e já abandonou o curso. Mãe jovem, trabalha com música para manter a família.
“A família dela não tem muitas condições financeiras. Eu e o Cabelera damos um auxílio. Ele com a música e eu com o aconselhamento”, revela a professora Robervânia, que, apesar de ter descoberto o talento de Brícia, diz não entender muito de música.
Ouça playlist com as cantoras prediletas de Brícia:
Em Brasília, quando não está cantando, Brícia gosta de ir ao Taguaparque, passear com a filha, caminhar e pedalar. A outra atividade predileta não é muito difícil de adivinhar.
“Cantar é uma coisa muito simples para ela. Nem é preciso muito esforço. Sem show novo, ensaiamos apenas uma vez por semana”, relata Cabelera. “Nossa família é de músicos. Nossa paixão é cantar”, comenta Fred.
Personalidade
Apesar de toda essa energia “Crazy in Love” no palco, os amigos garantem que Brícia é uma jovem tranquila e, às vezes, até meio tímida. “Ela canta com a gente desde que tem 17 anos, sempre demos um suporte. Mas de um ano para cá, ela assumiu a postura de líder da banda”, explica Cabelera.
“A Brícia é como uma filha para mim. Ela foi uma jovem tranquila, mas simpática. Tinha um lado meio tímido, até subir no palco. Lá, desde sempre, eu a via se transformar”, diz, um tanto quanto emocionada, Robervânia.
Em maio deste ano, Brícia cantou em um evento no Parque da Cidade. Era a primeira apresentação-solo dela. Antes de entrar no palco, o nervosismo estava evidente. “Depois que começou, ela tirou de letra”, lembra Fred.
Outro traço marcante é a diversidade. Depois de uma mega apresentação pop, a jovem escolheu Michel Teló – um ícone do novo sertanejo nacional – como técnico. Isso não espantou os amigos. “Na Brasiliana, cantamos de tudo. Não nos prendemos a estilos”, coloca Cabelera.
Julgamento parecido tem o amigo Adilson. “Nos afastamos um pouco, eu segui para a moda e ela para a música. Mas lembro que a banda dela toca sertanejo também. Já a vi cantar de tudo.”