Conheça 3 cantoras que mostram a atual força da cultura de Brasília
Letícia Fialho, Talíz e Ane Êoketu vem movimentando a cultura musical de Brasília e ganhando lugares de destaque na capital federal
atualizado
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Brasília completa 63 anos, nesta sexta-feira (21/4), e, ao longo dessas seis décadas de vida, a capital mantém uma característica principal: é um grande celeiro de artistas. Daqui, nomes como Capital Inicial, Legião Urbana, Plebe Rude, Natiruts, Ellen Oléria e, mais recentemente, Menos é Mais ganharam o Brasil. Agora, o cenário local segue aquecido – mesmo após dois anos de pandemia – e cantoras e compositoras independentes– como Letícia Fialho, Talíz e Ane Êoketu – movimentam a cena cultural, levando música de qualidade, carregada de muita representatividade.
Cada uma dessas mulheres carrega em si um pouquinho de Brasília, e, em suas trajetórias, é possível enxergar a importância da cultura na cidade. Em entrevista ao Metrópoles, a cantora, compositora e instrumentista Letícia Fialho ressalta que mesmo fora dos grandes polos comerciais da música brasileira, a capital tem elementos que a diferenciam.
“As minhas composições têm uma super-relação com Brasília, porque é a partir disso que elas nascem, da vida em Brasília, das coisas que eu observo. Por estarmos fora do eixo Rio-São Paulo, é um lugar que propicia uma criação muito original, genuína e particular dos artistas. Além de ser um grande caldeirão cultural, em que as pessoas que vieram construir a cidade, trouxeram suas manifestações culturais de origem na bagagem, e isso está presente na música de Brasília”, afirma a cantora.
Nascida no antigo Hospital São Brás, na Asa Sul, Letícia conta uma curiosidade: “Por coincidência, o hospital ficava exatamente ao lado do Sesc Garagem, onde eu lancei em 2018 o meu álbum Maravilha Marginal, o que me apresentou oficialmente como compositora na cidade. Então foi também outra forma de nascer, em um lugar vivo, ao lado de um lugar que já é ruína, que é onde eu nasci de fato”.
Talíz
Cantora e compositora de R&B, Talíz é moradora de Samambaia e conta que sua paixão por escrever nasceu dentro do ônibus, enquanto ia estudar e trabalhar no centro de Brasília.
“A primeira música que eu escrevi foi no transporte público. Durante o trajeto para o cursinho, sempre escutava música. Um dia escutei uma canção que me inspirou e fiz minha primeira composição. Essa é a principal característica que liga a minha arte à cidade. Eu canto minha realidade, canto aquilo que eu vivo, e como sempre estou nesse corre, as músicas nascem nesse contexto”, explica a cantora.
“Essa realidade de estar sempre em deslocamento da periferia para o centro da cidade todos os dias é uma realidade que muitas pessoas vivem. E acho que é isso que faz com que as pessoas se conectem com o meu trabalho”, diz a voz do single Encosta em Mim.
Ane Êoketu
Natural de Aracaju (SE), a cantora veio para Brasília ainda pequena, com 6 anos, e já está há 27 anos na capital. Ela lançou seu álbum de estreia, Eu já Passei Pelo Fogo, em março deste ano, e ressalta a importância da cultura em uma cidade tão jovem.
“Brasília é uma cidade muito nova, estamos comemorando 63 anos da capital que é rodeada de um ‘Brasilzão’ com cidades centenárias. Entendo que o ser e o fazer artístico em uma cidade tão jovem assim, é colaborar para construção da identidade desse lugar. Então, penso que a relação da minha música com a cidade é no sentido de contribuir para a formação desse DNA cultural que está sendo alinhavado por essa geração”, conclui Ane Êoketu.