Com elementos de folk, rock e pop, filhos de Nando Reis lançam disco
“Dois Reis”, que chega às plataformas digitais nesta sexta-feira (28/7), traz a mesma essência delicada de compor do pai
atualizado
Compartilhar notícia
Em junho do ano passado, quando os 2 Reis conversaram com a reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo” pela primeira vez, os garotos paulistanos Theo e Tião, agora com 31 e 23 anos, respectivamente, filhos de Nando Reis, já davam sinais de quão longe queriam chegar.
Ansiosos e à época sem um disco de estúdio, a dupla falou sobre o quanto as inúmeras apresentações já agendadas por todo o país poderiam deixá-los mais maduros. “A estrada fez bem para a gente Tocamos no interior de São Paulo e em várias outras cidades menores do Sul e Nordeste. Isso só ajudou. Nós amadurecemos bastante. Aprendemos a lidar com as dificuldades de infraestrutura e logística. Evoluímos como músicos”, declara Theo.
Mais tarimbados, os Reis foram para o estúdio com o intuito de transportar toda essa experiência para a gravação de seu primeiro álbum. Foram, ao todo, 8 músicas. Todas com um alto teor pop radiofônico e que impressionam pela qualidade melódica e lírica.“Dois Reis”, que chega às plataformas digitais nesta sexta-feira (28/7), traz a mesma essência delicada de compor do pai, mas, ao mesmo tempo, não abandona o ímpeto jovial tão presente nas composições do novo trabalho.
Canções como “Curva dos 30”, a quarta do CD, mostram que as letras foram escritas de forma leve Os arranjos também estão bem orquestrados e mostram uma musicalidade verdadeiramente atual. “Não fizemos nada com pressa Em nenhum momento deixamos a pressão nos afetar. Claro que queríamos que o álbum saísse logo, mas permitimos que o tempo, mais uma vez, ditasse as regras do jogo”, complementa Tião.
Pressão
Essa talvez seja a palavra mais ouvida pelos garotos nos últimos anos. Afinal de contas, não é fácil ser filho de Nando Reis, um dos cantores e compositores mais talentosos da música popular brasileira. As comparações com o pai, assim como já aconteceu muitas vezes na história, vieram quase que instantaneamente.
Até porque a sutileza da voz de Theo, que canta quase todas as músicas do álbum, lembra bastante a de Nando. “Eu nunca vou saber como é não ser filho do meu próprio pai. Foi sempre assim. Nós sempre lidamos muito bem com esse tipo de pressão, sabe? Se não quiséssemos ser associados ao papai, não teríamos escolhido justamente esse nome. Isso nunca foi um problema”, diz Tião.
O primeiro trabalho de Theo e Tião foi um EP lançado em agosto de 2015. O material trazia a compilação “Passageiro do Vento”, parceria de Theo com o cantor Marcelo Mira, e uma versão de E.C T., canção de Nando, Marisa Monte e Carlinhos Brown, que ficou famosa na voz de Cássia Eller.
Durante esta miniturnê pelo Brasil, os 2 Reis também fizeram versões de grandes clássicos de Nando e também dos Titãs, ex-banda do pai. No set, clássicos como Não Vou Me Adaptar, Por Onde Andei, Marvin, Família, A Letra A e O Mundo É Bom, Sebastião.
Nesse disco de estúdio, entretanto, os meninos optaram por não regravar nenhum dos hits listados acima. Todas as canções foram compostas por eles. “A Sombra do Futuro” mescla um rock progressivo vigoroso e um violão com pegada brasileira. “O Sexo Mais Forte”, que tem a participação da cantora Luiza Lian, também é um dos destaques.
Já “O Tempo”, que encerra o álbum, mostra toda a versatilidade instrumental dos garotos. “Procuramos fazer algo com a nossa marca. Esse foi o objetivo desde o início. Seria muito cômodo regravar os sucessos. Acho que tudo tem uma hora certa e um momento adequado”, complementa Theo.
Gravado entre setembro de 2016 e fevereiro de 2017 no estúdio Space Blues em São Paulo, a produção é assinada por Fernando Nunes, também responsável pelos arranjos. Alexandre Fontanetti ficou com a parte de coprodução e mixagem, já Chris Hanzsek fez a masterização no Hanzsek Audio Snohomish, renomado estúdio de Seattle, nos Estados Unidos.
O duo ainda é acompanhado por uma banda de peso e que dá sustentação às suas músicas. Com Victor Barreto na guitarra, Rafinha Wer na bateria, Gabriel Gariba no baixo e Pedro De Lahoz no teclado, as composições ganham mais corpo. “Todo esse processo no estúdio pode se tornar algo pesado se você não tem ao seu lado pessoas agradáveis. Ter tanta gente bacana ajudou no processo. Isso nos deixou mais à vontade para fazer todos os tipos de experimentação sonora”, lembra Tião.
Dicas fraternais
Nando Reis pouco se envolveu na produção do disco. Com uma agenda cheia de shows do disco jardim-pomar e os ensaios do projeto Trinca de Ases, em que ele se apresenta ao lado de Gilberto Gil e Gal Costa (os shows em São Paulo serão realizados nos dias 4 e 5 de agosto, no Citibank Hall), Nando não teve tanto tempo para palpitar sobre o disco de Theo e Tião.
Segundo os garotos, o pai deu apenas alguns pitacos sobre a produção. “A gente que o procurava, na verdade. Pedíamos algumas dicas e sugestões. Ele nunca se recusou a nos ajudar, claro. Mas vale lembrar que tivemos total liberdade para fazer as coisas do nosso jeito. Acho que ele permitiu que a gente fosse lá e quebrasse a cara. Uma trajetória musical é feita de erros e acertos”, conclui Theo.