Bardow: banda do DF aposta em estética medieval e estilo folk’n’roll
Há pouco mais de um ano no cenário musical da capital, o grupo mistura referências celtas e irlandesas com os dois pés no rock
atualizado
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Quem pensa que o estilo medieval conquista apenas os fãs das séries televisivas e superproduções cinematográficas está muito enganado. A banda brasiliense Bardow & Os Folks, idealizada pelo musicista Bardow, de 33 anos, prova o contrário. Inspirado em canções celtas, com pitadas de blues e muito rock, o grupo já gravou dois videoclipes e atrai admiradores de todas as idades.
Com três singles lançados, Raiva, Joolie e Sonhos, os músicos buscam referências em nomes internacionais como The Dubliners, The Pogues, Lunasa, Dropckik Murphys, Flogging Molly e Faun (com tour brasileira programada para o segundo semestre) – além, claro, da brasileira Tuatha de Danann, pioneira do gênero no país. “A música nordestina também nos inspira muito, Sivuca, Alceu Valença, Zé Geraldo, Zé Ramalho e muitos outros poetas e mestres do folclore brasileiro”, explica Bardow.Formada por Alan Pinho, Thiago Chaves Araujo, Tom Suassuna, Oswando Goulart e Bardow, a banda apresenta instrumentos ainda pouco conhecidos do grande público: gaita de fole galega, gaita de fole (smallpipe) escocesa, hurdy-gurdy (viela de roda), tin whistle, low whistle, flauta barroca e flauta germânica.
Paixão pelo medieval
“Sou fascinado com a cultura celta e irlandesa desde criança. Meu avô materno era contador de histórias, pescador, e migrou da Irlanda para o Brasil. Eram contos fantásticos demais para serem verdade”, relembra Bardow.
Esse foi o gatilho para a fascinação do artista pela temática, consolidada após intercâmbio na Irlanda. “Estudei e absorvi tudo o que pude – música, cinema, literatura, produção de cervejas e gastronomia, entre outras coisas. Trabalhei nos mais tradicionais pubs irlandeses, como no Temple Bar, em Dublin, e tive contato direto com a cultura, música e artes de lá, com as quais sonhei a vida inteira”, conta.
Público fiel e diversificado
De acordo com o vocalista, Brasília tem admiradores fiéis, presentes e muito animados. “Esse público tem crescido – ou, como eu prefiro falar, manifestado-se cada vez mais. Acredito que sempre existiram pessoas apreciadoras desse segmento musical, mas, por falta de uma ‘cena’ que proporcionasse shows e eventos do gênero, não se manifestavam”, considera.
Para Bardow, a novela global Deus Salve o Rei tem servido para difundir ainda mais o gênero. “Outrora tímida e discreta, a cena ganhou força. E, cada vez mais, as pessoas estão descobrindo e acompanhando trabalhos nessa linha”, afirma.
Prova disso é que o Saint Patrick’s Day (comemoração do padroeiro dos boêmios irlandeses), celebrado no dia 17 de março, conquistou os brasileiros. “Fizemos cinco shows na semana do Saint Patrick, todos com ótima plateia e pessoas diversas, tanto em idade quanto em segmentação, com gente até do sertanejo. Muitos passaram a acompanhar nossa agenda e redes sociais.”
Primeiro disco
Mesmo envolvido até maio deste ano na organização do Brasília Celtic Folkval – festival produzido em parceria com o Espaço Cultural Canteiro Central e que contará com feira temática durante o dia, arquearia, danças típicas, oficinas e shows –, a banda trabalha a pré-produção do primeiro álbum, Os Cantos do Bardow. “Todas as composições são minhas, os arranjos serão de autoria mista e a produção é do Alan Pinho”, conclui.