Barão Vermelho – Por que A Gente É Assim? é presente aos fãs da banda
O documentário está disponível na Netflix: Metrópoles conversou com a diretora, Mini Kerti
atualizado
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30Naquele verão de 1982, os amigos Maurício Barros (teclados), Dé Palmeira (baixo), Guto Goffi (batera) e Roberto Frejat (guitarra e vocais), integrantes do recém-criado Barão Vermelho, rumaram até Ipanema para a festa de 24 anos do vocalista porra-louca, Cazuza. Na casa de uma amiga do aniversariante, todos estranharam aquela comemoração, com gente esquisita dançando de tapa-sexo Só Para O Dia Nascer Feliz.
“Cara, tinha umas bichas enlouquecidas”, lembra o baixista Dé. “O Dzi Croquettes – trupe de teatro e dança anárquica atuante entre 1972 e 1976 – dançado na pista, enlouquecidos. Era outro grupo, bem diferente do nosso. Nem por isso nos sentimos isolados da festa”, completa Frejat, no documentário Barão Vermelho – Por Que A Gente É Assim?, disponível na Netflix.
São 36 anos de história de uma das caras seminais do BRock Brasil, movimento que ganhou força no início dos anos 1980, surfando na onda do processo de redemocratização. Marcada pela irreverência e guitarras blues no melhor estilo dos Stones, a banda tem trajetória contada pela cineasta Mini Kerti.
O título do filme, produzido para o “Canal Curta” e só exibido no cinema para convidados, foi tirado de música homônima lançada no terceiro álbum do grupo, “Maior Abandonado” (1984) – o último com Cazuza.
“Ele me procurou para fazer esse documentário, foi um convite maravilhoso, fiquei muito emocionada e nervosa com a responsabilidade”, contou Mini Kerti. “O documentário era um desejo deles… Importante contar a história de uma banda tão icônica do rock nacional”, comenta a diretora, às voltas com a realização de um filme sobre o apocalíptico Jorge Mautner.
Chama atenção, logo de cara, a narrativa descontraída, o clima alto-astral entre os integrantes da banda – apesar das rusgas, mágoas, diferenças e desentendimentos colecionados ao longo de 12 álbuns de estúdios.
Presente de gratidão para os fãs
Amparado por registros de imagens raríssimos, os depoimentos da turma do Barão são recheados de muito orgulho pelos 40 anos de estrada. Tudo sincero, a ponto de rolar certo desconforto, às vezes, entre um papo e outro. O mais perceptível é a fala do baixista Dé – atualmente diretor musical do talk show Conversa com Bial –, sobre sua saída do grupo, em 1989, por não ser prestigiado como compositor.
Falecido em setembro de 2016, Peninha, que entrou para banda em 1990, durante as gravações do disco Carnaval (1988), lembrou: o Barão Vermelho foi uma das primeiras bandas de rock dos anos 1980 a usar a figura do percussionista. Um dos únicos remanescentes da formação original, junto com o tecladista Maurício Barros, o baterista Guto Goffi recorda a treta com o DJ Memê, durante as gravações do disco Puro Êxtase (1998).
Minha discussão com o Memê é que ele não queria que eu tocasse algumas músicas. (…) Forcei a barra para tocar em todas
Guto Goffi
Há alguns momentos emocionantes do documentário. Por exemplo, quando Frejat chora ao lembrar a importância que a música “Todo Amor Que Houver Nesta Vida” na trajetória do grupo.
A impressão é que o um filme surge como uma espécie de presente de gratidão do Barão Vermelho aos fãs da banda, fechando um ciclo iniciado nos primórdios do pop-rock brasileiro.
Avaliação: Bom