Bala Desejo lança clipe em comemoração ao Grammy Latino
Formado por Dora Morelenbaum, Zé Ibarra, Julia Mestre, Lucas Nunes, a banda venceu um Grammy e vai abrir o show de Chico Buarque no Vivo Rio
atualizado
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As transmissões ao vivo durante a pandemia mexeram com o mundo da música e foram as responsáveis pela criação da banda Bala Desejo. Formado por Dora Morelenbaum, Zé Ibarra, Julia Mestre, Lucas Nunes, o grupo iniciou as suas atividades durante aquele momento e, desde então, tem conquistado prestígio. Isso porque, além de um álbum de sucesso e show ao redor do Brasil e do mundo, o quarteto incluiu em sua bagagem o Grammy Latino de Melhor Álbum de Pop Contemporâneo Brasileiro. Em entrevista ao Metrópoles, os integrantes da banda contaram como tudo aconteceu, a emoção de vencer o prêmio e ainda projetaram o ano de 2023.
Antes de criarem a banda, os amigos mantinham projetos paralelos. Enquanto Dora e Julia tocavam a carreira solo, Lucas e Zé Ibarra mantinham o grupo Dônica e terminavam um disco. O quarteto, então, surgiu a pedido de muitos fãs.
“A gente começou a fazer live na pandemia, aparecendo sempre juntos e foi surgindo uma impressão de fora de que acontecia alguma coisa quando a gente se juntava. A Teresa Cristina ajudou muito a gente e depois o Festival Coala convidou a gente em uma dessas lives para fazer um show nós quatro juntos. Não tinha Bala Desejo, não tinha composições de nós quatro consolidadas”, explicou Dora.
Após o sucesso na internet, o Festival Coala convidou o grupo para lançar o primeiro álbum, Sim, Sim, Sim. De início, seria apenas um show, mas, por conta do adiamento causado pela pandemia, a ideia virou a gravação.
“Eu acho que essa coisa de morar junto, dentro de um contexto de pandemia, foi o estopim conceitual do disco porque a gente começou a viver junto e entrou uma certa simbiose de pessoas, de almas e a gente levou isso até o final do processo do Sim, Sim, Sim que teve como temática justamento o encontro e essa junção”, explicou Zé Ibarra, que destacou que a obra nasceu dessa vivência.
Como tudo aconteceu na pandemia, o processo foi um tanto quanto diferente dos demais. Isso porque, por conta da atenção estar ainda mais voltada à internet, tudo aconteceu “como um foguete” e, no primeiro show, feito três meses depois do lançamento do álbum, o público já estava ambientado com a letra das músicas.
Antes da união da música, os quatro integrantes da Bala Desejo mantinham projetos musicais. Quando questionado, Zé Ibarra explicou como foi a decisão de montar a banda e o sentimento do quarteto naquele momento.
“Tem certos momentos da vida que você vê que estão chegando algumas coisas. Você pode colocar fé naquilo ou não, mas você percebe que sua vida possivelmente vai mudar. O Bala Desejo foi um pouco disso, ao invés de a gente não ter a coragem, foi o oposto, a gente se muniu de força, vontade e coragem. Mas foi uma escolha que a gente fez porque… são coisas que a gente sente”, explicou o cantor.
Grammy Latino
No evento de 2022, a Bala Desejo competiu com Jão, Marina Sena, Gilsons e Luísa Sonza ao prêmio de Melhor Álbum Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa com o disco Sim, Sim, Sim. O quarteto saiu vencedor e, para eles, a vitória foi surpreendente, até por conta da categoria em que concorreram.
“Nosso disco não é necessariamente como o pop que a gente espera que seja o pop de 2022. Foi uma surpresa, em um primeiro momento, mas foi uma alegria ter o trabalho reconhecido e também superando barreiras. A gente passou o ano inteiro trabalhando sem parar para que o nosso trabalho chegasse em todos os lugares e ter isso como um troféu foi mais do que um sonho”, disse Ibarra.
O artista explica o caminho que levou a banda ao Grammy. “Um fator que ajudou o Bala Desejo a conquistar esse prêmio foi a multifacetagem de gêneros no disco, tem salsa, tem reggae, tem frevo, tem um portunhol mal falado que também aproxima, então tem um espectro amplo desse disco com que fez que a gente levasse esse prêmio”, explicou Ibarra.
Clipe em comemoração
Um ano após o lançamento de Sim, Sim, Sim, o grupo lançou um clipe que é definido, por Zé Ibarra, como “um retrato em movimento dos lugares e das sensações que nos inspiraram a fazer isso”.
“Esse clipe é muito especial porque a gente passou e reviveu todos os lugares que fizeram parte desse processo de composição do álbum, desde a casa da Júlia, onde a gente morou e começou a compor as músicas, o estúdio que fomos gravar e o caminho que a gente fazia todo dia. Toda a sensação desse momento, que foi criar o Bala Desejo. É um passeio com a gente por esses lugares”, contou Dora.
A cantora ainda aproveitou para revelar que é a primeira vez que a Kombi da banda aparece. A artista explicou como foi o surgimento da personagem e como tudo aconteceu.
“A personagem surgiu quando a gente estava morando em Santa Teresa e todos os dias passava uma Kombi de ferro velho e falando várias coisas. Pensando no lançamento do álbum, queríamos muito trazer essa fisicalidade. Até então, todos os lançamentos eram exclusivamente digitais e a gente queria muito trazer uma memória material do que é essa obra inteira”, contou.
“Imaginamos que essa Kombi seria o Bala Desejo e todas as pessoas que sobem com a gente mexem essa máquina e saem anunciando a chegada da banda pela cidade. A gente encontrou várias vezes a moça que era dona dessa Kombi. No dia da gravação, ela passou por acaso enquanto estávamos gravando. A gente interceptou ela na hora e pensou: ‘Isso precisa ser registrado'”, explicou.
Show de Chico Buarque
No último fim de semana, Chico Buarque se apresentou no Vivo Rio. A banda Bala Desejo foi a escolhida para abrir as apresentações do cantor carioca. Dora e Zé Ibarra não esconderam a felicidade com o momento.
“A proposta do Vivo Rio me surpreende muito menos do que o Chico aceitar. O que a gente fica muito feliz é do Chico ter a sensação de que pudesse fazer sentido a gente estar presente no show dele. Tem muito do Chico Buarque no Sim, Sim, Sim, não só a poética cronista do Chico, do Rio de Janeiro, cantado, mas também das melodias, harmonias. É um momento de gratidão pelos cosmos, de ficar muito feliz pelo destino que as coisas estão tomando”, explicou Zé Ibarra.
Olhando para trás
Quando o assunto é refletir sobre o momento da banda, Dora explica que ainda há todo um caminho. “Eu sinto que a gente ainda está no início de um caminho, tem muita coisa para gente fazer ainda como grupo, individualmente e como artistas no Brasil e no mundo. Juntos ou não, eu sinto isso muito como um trampolim de diversas coisas que ainda estão por vir”, pontuou Dora.
Sobre 2023, a banda revelou que vai ser uma mescla da Bala Desejo, mas com projetos solos. “Temos quatro individualidades muito diferentes uma das outras e ainda tem muita coisa para ser dita. Para a gente se sentir cada vez mais completo no sentido de como se comportar como um artista no mundo, ou seja, como um agente de transformação no mundo, a gente precisa de todos os nosso tentáculos e precisamos da nossa carreira solo para poder dar conta do que a gente quer dizer”, finalizou Ibarra.