BaianaSystem celebra ancestralidade e futuro no palco do CoMA
Roberto Barreto e Russo Passapusso refletem sobre o amadurecimento do BaianaSystem, que irá completar 15 anos em 2024
atualizado
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Quem presencia Russo Passapusso, Roberto Barreto, SekoBass e Filipe Cartaxo sobre os palcos, não passa ileso à catarse provocada pelo BaianaSystem. Em quase 15 anos de carreira, o grupo criou raízes fortes na música brasileira, chamando atenção para questões sociais importantes e celebrando a rica cultura soteropolitana. O resultado são shows cada vez mais prestigiados e apoteóticos. Os ingressos para a apresentação no festival CoMA, no domingo (9/10), por exemplo, foram os primeiros a esgotarem, dentre os cinco dias disponíveis.
Em entrevista ao Metrópoles, Roberto Barreto, fundador e guitarrista do grupo, afirma que apesar do sucesso das apresentações e do amadurecimento musical o princípio da banda continua bastante presente nos álbuns e shows do Baiana System. “Esses dias a gente ouviu o primeiro disco, de 2009, e vimos que muito da gênese está ali, da participação dos mestres, da nossa ancestralidade ali”, conta.
Para o músico, a maior transformação vivida pelo Baiana nesses 15 anos diz respeito “à reverência e ancestralidade, o entendimento das raízes e a relação disso com a capacidade de experimentar”.
“A gente continua sendo muito experimental na forma de compor, na forma de ter as pessoas junto com a gente compondo… E o amadurecimento dessa relação com o público, que era feita de uma maneira muito intuitiva, muito sem pensar. Percebemos que isso é fundamental para entendermos o nosso caminho”, explica.
Essa forma de trabalhar impacta em como o BaianaSystem encara a lógica algorítima do mercado e as imposições da indústria fonográfica. “Se a gente fizer uma análise mais de perto, na visão que temos do número de pessoas que a conseguimos ter ali numa troca ao vivo, muitas vezes isso não se reflete necessariamente em números. E a gente tenta lidar com isso de uma maneira que mantenha uma linha de salubridade”, explica.
“Essa lógica impacta toda uma cadeia de produção, em todas as áreas. Quem produz filme, série, música, e todos os tipos de arte, de alguma forma, tem que se adaptar e se entender dentro dessa lógica do algoritmo. A gente tenta manter essa coerência entre o ao vivo, entre o meio de produção, e como você divulga e reflete isso nas redes. Talvez esse não seja o objetivo principal, mas como uma consequência do que a gente vem fazendo”, completa.
Sambaqui Show
Neste domingo (8/10), o BaianaSystem leva ao palco do Coma o Sambaqui Show, cujo conceito é justamente a noção de que olhando para o passado é possível construir um futuro.
“Foi um presente dado pelos movimentos de festas, festas públicas, do calendário mágico religioso da Bahia, de todo esse processo. A gente foi banhado por isso e também houve aí uma memória, um sonho, algo que veio banhando a gente do Sulamericano Show, que são as referências históricas, pré-históricas falando de Sambaqui, que é esse movimento, esse entendimento da gente como um povo universal atemporal, falando de ancestralidade indígena e desse povo afroindígena que a gente tem”, explica o cantor e compositor Russo Passapusso.
“Quando a palavra Saamba vem para esse sambado que a gente conhece de ritmo, tem essa fusão maravilhosa, mas para ser bem objetivo, o Sambaqui é um show que trata muito de percussividade, referências de futurismo artesanal, de futurismo emocional, de futurismo não só tecnológico, mas aquele que busca entender a gente, ser humano, como tecnologia, tecnologia de pensamento e de sentimento. É isso que eu acho que essa diversidade traz na soma de todas as características que a gente pode trazer para esse show, ancestralidade é o futuro”, finaliza Passapusso.