Ascensão do pagode em Brasília: saiba por que o ritmo bomba na capital
“Os holofotes estão virados para o pagode de Brasília. A cidade possui muitos talentos”, diz Kaique, vocalista do Di Propósito
atualizado
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Capital do pagode? Mesmo fora do eixo Rio de Janeiro-São Paulo, grandes polos do estilo musical no Brasil, Brasília tem demonstrado cada dia mais força na cena do pagode. Nos últimos anos o ritmo tem embalado os brasilienses, tomado conta do mercado do entretenimento da cidade e gerando produtos para “exportação”.
O número de grupos de pagode na capital só cresce. Porém, se engana quem pensa que eles começaram a surgir agora. Bandas como Clima de Montanha, 7 na Roda e Coisa Nossa, que já possuem muitos anos de carreira, já são tradicionais na capital e abriram as portas para que grupos como Menos é Mais e Di Propósito atingissem o sucesso nacional.
Impulsionados pelos grupos brasilienses que conquistaram o Brasil durante a pandemia, bandas mais novas tem lotado as casas de show do quadradinho. Benza Deus, Doze por Oito, Elas que Toquem, Nossa Galera e Chama Nois são alguns dos grupos que estão ganhando espaço no cenário musical local.
“Hoje em dia, o pagode está presente em todas as regiões e nos melhores eventos da cidade, o que não era tão comum quando começamos há 13 anos”, conta Xandy, pandeirista do Di Propósito, ao Metrópoles. Segundo Kaique, vocalista do grupo, Brasília tem potencial: “Em todos os lugares que tocamos, ouvimos as pessoas do meio comentar sobre Brasília. Os holofotes estão virados para cá e a cidade possui muitos talentos”.
Virada de Chave
De acordo com o produtor artístico Felipe Nasal, que promeve shows na cidade, o sucesso “repentino” do ritmo não aconteceu apenas por aqui. “O pagode está em alta no Brasil inteiro. Até um tempo atrás as grandes bandas do gênero surgiam do eixo Rio-São Paulo, mas houve uma despolarização e isso começou a invadir o país. Hoje, vemos grandes grupos surgindo de Minas Gerais a Brasília, por exemplo”, contou.
O pensamento de Romero, músico e fundador do grupo Clima de Montanha, segue a mesma linha. “O pagode era muito forte na década de 1990, mas nos anos 2000, o sertanejo passou na frente e nós tivemos de 15 a 20 anos de puro domínio deles. Porém, o mercado é cíclico, então ele deu uma girada para o lado do pagode no Brasil inteiro, o que acabou atingindo Brasília”, pondera.
Para o músico, o pagode da capital, além da qualidade, precisou de uma coisa para se destacar: as redes sociais. “O que fez o samba/pagode de Brasília aparecer foi a internet. A cidade sempre teve grupos de qualidade, mas os grupos não tinham estrutura e dinheiro para conseguir chegar nos grandes meios de comunicação. Então o trabalho de divulgação bem-feito nas redes sociais ajudou a expandir o alcance dos grupos”, explicou.
Concorrência
Com o surgimento de muitos grupos do gênero musical, a cena da cidade cresce e a concorrência também. Mas isso não é empecilho para a maioria das bandas. “As pessoas ainda não entenderam que a música não é uma competição. Hoje toda semana você vê um grupo novo lotando um show. Isso fortalece o segmento do pagode na cidade”, diz Gustavo Choary, músico do Doze Por Oito.
Porém, para não cair na “mesmice”, é necessário sempre inovar. Nisso, a banda Elas Que Toquem, tem uma vantagem: um dos poucos grupos da cidade composto só por mulheres. “Não é só trabalho, é diversão, que é a essência do pagode desde sempre. E a gente luta para não perder isso, mesmo sendo profissionais e cuidando de toda essa parte da mídia”, conta Maisa Lameira, fundadora do grupo.
Já a banda Chama Nois, aposta nas músicas autorais para se destacar: “Tentamos sempre tocar não somente as músicas estouradas, como também outros estilos e colocar a nossa cara, além de focarmos também em canções autorais, inclusive escritas por integrantes do grupo. Talvez esse seja nosso maior diferencial”.