Artistas independentes usam streaming para quebrar barreiras das gravadoras
De acordo com levantamento recente da ABMI, cantores autoproduzidos representaram 53,5% do TOP 200 do Spotify, durante 2020
atualizado
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As plataformas digitais são hoje o maior meio de divulgação de novos talentos musicais. Os serviços de streaming têm servido de trampolim para artistas independentes e foram responsáveis por, em 2020, projetar no mercado fonográfico vozes de jovens como Bin, Choji, Gagui Tatto e Loov-U, entre outros.
De acordo com levantamento recente realizado pela Associação Brasileira da Música Independente (ABMI), artistas ligados a gravadoras e selos independentes, além de auto-produzidos, representaram 53,5% do TOP 200 do Spotify, durante 2020.
O dado vem de encontro à pesquisas do Kantar Ibope Media, na qual 73% dos usuários da internet aumentaram o consumo de plataformas digitais em meio a pandemia de Covid-19, e do Itaú Cultural e Datafolha, que trata dos novos hábitos do consumo virtual de cultura dos brasileiros, onde 84% dos entrevistados afirmaram escutar canções pela rede.
Atentos às mudanças, novos artistas encontraram espaço para divulgação nas mídias. É o caso do DJ e produtor musical Alex Calderon, mais conhecido como Loov-U. Com apenas 15 anos, ele já lançou 14 músicas no Spotify e atingiu, de forma orgânica, a marca de 500 mil streams na plataforma. “Hoje em dia, a música não se concentra mais em apenas um lugar, o que possibilita criar um hit por meio de várias plataformas”, explica Loov-U.
Para o jovem produtor musical, a receita é entender as características de cada aplicativo e criar conteúdos exclusivos. “A visibilidade que se ganha nos serviços de streaming ou nas redes sociais é uma consequência na forma que se trabalha em cada uma dessas plataformas”, considera Loov-U.
O rapper Gagui Tatto, de 18 anos, é a nova aposta do renomado produtor Rick Bonadio. Apenas com Fumaça, alcançou mais de 77 mil visualizações no Youtube. No Spotify ultrapassa os 300 mil streams em faixas como Bandida e Me Mostra.
Apesar das facilidades advindas com a tecnologia, a internet aumentou a concorrência para músicos que precisam se sobressair em meio a um incontável número de cantores que se lançam na carreira diariamente. “Na minha visão, ter um grande número de artistas não anula o fato de existirem outros, mas todos precisam ser únicos à sua maneira. Não é porque existem muitos, que diminui a chance de você estourar, isso ocorre se fizer o mesmo que os outros. Então, para se destacar, você tem que ser único, buscar seu diferencial”, pondera Gagui
TikTok
Em 2020, graças a sucessos como Fala que Me Ama, Se eu Chamo Ela Vem e Meu Lado da História, a única a ganhar videoclipe, com mais de 17 milhões de visualizações no YouTube e 6 milhões de ouvintes no Spotify, o rapper Choji pôde finalmente viver da música. “Nunca duvidei do meu trabalho, da minha capacidade, sempre acreditei muito”, ressaltou Choji.
Nascido e criado no Complexo do Roseiral, em Belford Roxo, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, Bin é um dos expoentes do segmento hip-hop. Aos 22 anos, o artista ultrapassa os 50 milhões de views com Para Todas as Mulheres que Já Rimei e 2 milhões de ouvintes mensais no Spotify através do TikTok.
Seguindo os exemplos bem-sucedidos, Gagui Tatto também tem criado pensando no TikTok. “Fizemos uma estratégia diferente para o lançamento. Eu acredito que música não tem fórmula exata de sucesso, é muito da galera se identificar com seu som. Mas com certeza é mais uma porta para os artistas”, completa.