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Antonio Victor: poeta de Formosa é compositor de clássicos do sertanejo

Poeta e compositor de clássicos da música sertaneja raiz, o goiano foi homenageado durante a live de Leonardo e Zé Felipe, no Dia das Mães

atualizado

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Antonio Victor
1 de 1 Antonio Victor - Foto: Arquivo Pessoal

É impossível falar de música sertaneja sem se lembrar de representantes da era de ouro do movimento caipira, como Zé Mulato & Cassiano, Chico Rey & Paraná e Milionário & José Rico. Muitas das canções entoadas por essas duplas, contudo, têm mais em comum do que o lugar cativo no cancioneiro popular. O que as une é o talento do poeta e compositor Antonio Victor. Desconhecido do grande público, mas personagem crucial dessa história, é de autoria do goiano hinos sertanejos ainda hoje reverenciados pela nova geração.

O nome de Antonio Victor, 61 anos, voltou a ser lembrado pelos fãs do estilo raiz no último Dia das Mães (10/05), durante a live do cantor Leonardo com o filho Zé Felipe. O dueto relembrou a clássica Alma Transparente, imortalizada por Chico Rey & Paraná, emocionando os seguidores veteranos e impressionando aqueles para quem a letra soa como inédita.

O Metrópoles encontrou o compositor da faixa e descobriu uma vida de superação e vitória nos bastidores do mercado fonográfico. “Leonardo é um artista de extremo carisma e enorme talento. Conheci-o ainda na dupla com o irmão Leandro, no início de sua carreira, mas ele, já em carreira solo, só viria a me gravar nos anos 2000”, contou o compositor.

Antonio Victor
Antonio Victor é autor de grandes clássicos
Trajetória

Nascido e criado a 79 quilômetros de Brasília, em Formosa (GO), Antonio Victor teve a paixão por literatura e poesia manifestada ainda na infância. “Filho de analfabetos funcionais, abri caminhos na raça, porque não havia incentivo e as condições eram precárias”, lembra o único de seis irmãos a concluir o curso superior. Formado em letras pela Universidade de Brasília (UnB), atualmente é professor da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal.

Antonio já compunha desde os 19 anos de idade quando lançou o primeiro livro de poemas, Cicatrizes da Alma. Mas só aos 25 emplacou um hit no rótulo de um disco de vinil. Foi em 1983, com a música Operário, Vida, Viola, que entrou para o repertório e deu título ao terceiro álbum de Chico Rey & Paraná.

O sucesso dos versos foi tamanho que Operário, Vida, Viola foi regravada por Milionário & José Rico, em uma versão feita exclusivamente para entrar na trilha sonora do filme Sonhei Com Você (1988), que teve a dupla como protagonista. “[Lançar a música] foi tão importante quanto a sensação de ter um filho. Ela me abriu portas, me fez sair do anonimato artístico, me deu as maiores alegrias”, ressalta o poeta.

De lá para cá não parou mais, o compositor passou a ser requisitado por dezenas de ícones do gênero. No currículo de sucessos estão Você Me Desligou da Sua Vida, gravada solo por Zé Rico; Lembrança de Carreiro, com voz original de Zé Mulato & Cassiano e, recentemente, regravada por Carreiro e Capataz; e Duas Rosas, gravada por Lindomar Castilho.

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Antonio Victor escreve desde a infância
O poeta é autor de livros e professor no GDF
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Ao lado do filho Zé Felipe, Leonardo cantou Alma Transparente, de Antonio Victor

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O poeta é autor de livros e professor no GDF

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Como dezenas de letras ainda inéditas, Mulher Negra é a nova aposta do compositor. Nos versos, o artista celebra nomes fortes como Glória Maria, Ruth de Souza, Clementina de Jesus e Maju Coutinho, além de fazer uma referência muito especial à entidade mística Nossa Senhora Aparecida. “A inspiração dessa música é exatamente pela consciência de que a raça negra merece respeito, merece honra e merece todas as homenagens, e eu quis privilegiar toda a negritude no gênero feminino”, explica.

O seu desejo maior é ouvir Mulher Negra na voz de Roberto Carlos, e, para conquistar o difícil feito, Antonio tem contado com a torcida de pessoas importantes, como a do próprio maestro do rei, Eduardo Lages.

“Roberto Carlos exerce com muita parcimônia, autonomia e exclusividade a escolha do seu repertório, geralmente assinado por ele mesmo ou em parceria com o também maravilhoso Erasmo, salvo raras exceções. Mas tenho contado com a generosidade e percebo que nomes influentes também vão aderindo à causa”, salienta.

Mesmo que Roberto Carlos não grave a canção, Antonio não desistirá de ver sua letra musicada e imagina outras possíveis vozes para a nova composição, como Martinho da Vila, Neguinho da Beija-Flor e Alexandre Pires. “São nomes igualmente capazes de honrar a mulher negra”, conclui.

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