Alice Caymmi mostra em Electra que deu muito certo no mundo da música
O novo disco da cantora traz releituras de sucessos do passado
atualizado
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Em recente entrevista, Nana Caymmi disse que sua sobrinha, Alice Caymmi, não deu mel. Vou me permitir a ousadia de discordar frontalmente dela. A jovem cantora da família deu muito certo, como prova o quarto disco da artista: Electra.
No álbum, ela canta acompanhada apenas do piano de Itamar Assiere. O reportório de 10 faixas é composto por leituras de novidades e pérolas da MPB. “O que diferencia Electra é a busca profunda e inesperada na obra de antigos compositores”, explica Zé Pedro, diretor artístico do projeto.
“Eu vejo como um dos lançamentos mais corajosos da minha carreira. No sentido de eu saber exatamente o que estou fazendo. Parece que o que sempre esteve em mim era o caminho certo o tempo inteiro. O básico, o ancestral, o fundamental”, explica Alice.
Músicas
Electra começa com De Qualquer Maneira (Candeia), uma faixa que evidencia a força vocal e grave da artista – sem medo de ser repetitivo, os primeiros 30 segundos são suficientes pra ver que Nana estava errada. Mesmo que Alice já tenha declarado que não deve resposta a ninguém, a artista cai no famoso chavão de “calar os críticos”.
Em seguida, vem Diplomacia, de Maysa. Faixa bem executada, mesmo que a cantora pareça pouco à vontade. O melhor dela fica para a próxima música: Areia Fina. A canção de Letuce conseguiu ficar mais impactante na voz de Alice: “Não quero o medo, o alimento dos covardes”, diz a artista em um trecho.
Tom Zé e Élton Medeiros são relidos pela artista em Mãe Solteira, um samba que ganha o tom melancólico pelas mãos de Alice. Medo é um fado de Reinaldo Ferreira e Alain Oulman, gravado originalmente por Amália Rodrigues.
Na sequência, a cantora interpreta Fracassos (Fagner), a excelente Pelo Amor de Deus (Tim Maia), Pedra Falsa (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro) e Me Deixe Mudo (Walter Franco).
Na última faixa, Alice homenageia o pai na música Aperta Outro. A música foi gravada originalmente no disco Cheiro Verde, de Danilo Caymmi (1977).