Adriana Calcanhotto transforma panelaços em música no disco Só
Em entrevista ao Metrópoles. a cantora falou sobre o processo de criação de seu novo álbum, lançado em meio à pandemia de coronavírus
atualizado
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Em 2019, Adriana Calcanhotto trouxe ao público o disco Margem, que rompia um hiato de sete anos de álbuns de estúdio. Porém, a intensidade de 2020, fez a cantora precisar de, segundo ela mesma, 11 dias, para produzir trinta minutos de música. Assim nasceu Só, o necessário álbum da artista que reflete a pandemia, o isolamento e o caótico mundo atual.
O tempo total de feitura de Só foi de 43 dias, produzido entre 27 de março e 8 de maio. “Foi um jeito diferente de lançar um disco. Eu nunca tinha lançado um trabalho em tão curto tempo, nem nunca tinha composto uma música atrás da outra”, conta Adriana Calcanhotto, em entrevista ao Metrópoles.
Musicalmente, Só reflete a pandemia: tem funk, som de panelaços, batidas e vários pensamentos. Não à toa tem ganhando tantos elogios do público e da crítica.
Em uma grande sacada, Adriana Calcanhotto pegou o barulho dos panelaços e transformou na música O Que temos. “O som é do dia da demissão do Mandetta, um amigo que gravou. É uma coisa documental”, revela a cantora e compositora. Curiosamente, ela mora isolada e, por isso, ouviu os protestos pelas notícias.
“De fato, não estamos nada bem e acho que as manifestações confirmam isso. Mas acredito que ideias antidemocráticas não passarão”, opina sobre o período de crise política.
Só se propõe a discutir debates da sociedade atual que parecem ter sido aumentados neste período de pandemia.
“A gente nunca sabe como o trabalho vai bater quando é lançado, mas eu queria fazer algo que estivesse ao meu alcance. Vejo como uma referência porque a feitura do álbum é durante o isolamento social, o plano de fundo todo é esse momento que estamos vivendo, a pandemia e as inseguranças quanto ao futuro. “, explica Calcanhotto.
Vem de funk
Musicalmente, Só traz atualizações, como, por exemplo, o flerte com o funk – um dos gêneros mais populares no país atualmente.
“Gosto da sobreposição e de ritmos dentro de ritmos. Adoro os artistas que se prestam a explorar a polirritmia. Eu gosto muito do funk e acho uma batida incrível. Para Bunda Lê Lê, quis fazer uma brincadeira com as palavras que o funk usa frequentemente, que são senta, vai e bunda”, pontua.
O flerte com o funk vira namora na parceria com o DJ Denis. “Ele tem uma coisa lúdica, que eu gosto muito, e foi um acerto. Eu mandei o que tinha feito, o Dennis entendeu o que era e trabalhou naquilo, fez o lance dele. Ficou muito mais legal”, conclui.