metropoles.com

Adiamento do curso de verão polariza opiniões entre direção da Escola de Música e Secretaria de Educação

Diretor da EMB, Ayrton Pisco, acredita que seria possível, sim, realizar o evento em janeiro. O secretário Júlio Gregório defende que o adiamento favorecerá a essência pedagógica do curso

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Daniel Ferreira/Metrópoles
Daniel Ferreira/Metrópoles
1 de 1 Daniel Ferreira/Metrópoles - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Há 37 anos, a cada mês de janeiro, a vida cultural de Brasília é movimentada pela realização do Curso de Verão da Escola de Música de Brasília. O evento consiste em um conjunto de oficinas e workshops, ministrados por músicos e professores convidados ou da própria EMB, e abertos a alunos da instituição ou não. De quebra, o público em geral é contemplado com uma série de bons shows e concertos, gratuitos e protagonizados por instrumentistas de primeira linha.

Este ano, porém, o janeiro da Escola de Música não está igual àqueles que passaram. Devido à greve dos professores da rede pública de ensino, que atrasou o calendário letivo, a Secretaria de Educação, Esporte e Lazer tomou a decisão de adiar o evento para agosto.

Nem todo mundo, porém, recebeu de bom grado essa quebra na tradição da agenda. A começar pelo diretor da EMB, Ayrton Pisco. “(Em agosto) perde toda a dinâmica do curso”, diz ele. “É um evento pedagógico. Não dá para ser no meio do ano. Não é um festival de jazz, cinema ou colônia de férias. Faz parte do nosso calendário”, critica Pisco.

Secretário de Educação Júlio Gregório *Pedro Ventura/Agência Brasília*
Secretário de Educação Júlio Gregório *Pedro Ventura/Agência Brasília*

Segundo o diretor da instituição, seria perfeitamente possível realizar o curso entre os meses de janeiro e fevereiro. “Daria, claro. Ao menos no que diz respeito à escola”, afirma.

Essência pedagógica
“Daria, sim, mas apenas com o diretor e os professores que são mais próximos a ele. Diminuiria o evento, como ocorreu no ano passado, o que foi motivo de críticas do corpo docente da escola”, retruca o secretário de Educação, Júlio Gregório. Para ele, a realização em agosto permitirá manter a verdadeira essência do curso de verão.

Para Gregório, a tradição de ocorrer sempre em janeiro, evidentemente, é um elemento considerado, mas o importante é manter as características pedagógicas das aulas. Ele defende que a oferta tem que ser construída em conjunto por todos os professores e a direção. “Não adianta fazer só por fazer, como em outros anos, que o curso não deixou nem um parafuso torto para a escola”, critica.

Outro detalhe que, para Pisco, desfavorece a escolha do mês de agosto é a realização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro (5 a 21/8). Já o secretário de Educação pensa o contrário. Júlio Gregório lembra que Brasília sediará partidas de futebol olímpico. O fluxo de visitantes na cidade permitirá que os artistas façam concertos e shows integrados a um evento de proporções globais, “onde possam mostrar sua excelência”.

Mobiliário sucateado na EMB *Daniel Ferreira/Metrópoles*
Mobiliário sucateado na EMB *Daniel Ferreira/Metrópoles*

Cada um com seu problema
A diferença de opiniões entre o diretor da EMB e a Secretaria de Educação, porém, não chega a ser novidade. As más condições estruturais da escola são motivo de frequentes queixas de Ayrton Pisco, que lida com problemas como falta de manutenção nos instrumentos, iluminação ruim, entulho e móveis em péssimas condições de uso. Em relação ao orçamento para 2016, o diretor diz que “está esperando, aguardando e rezando”.

“Ano passado, recebi R$ 25 mil. Desse total, usamos R$ 5 mil para pagar o contador. O resto do dinheiro era para comprar lâmpadas, fechaduras, papel, aparador, pincel, tudo isso. Não dá nem R$ 2 mil por mês”, diz.

“Se você visitar a EMB e o Elefante Branco vai concluir que é melhor deixar a EMB funcionando e fechar o Elefante Branco”, compara Júlio Gregório. O secretário afirma que por causa da visibilidade da Escola de Música as suas dificuldades aparecem mais. “Só que ela não é a única. Há um elevado número de escolas públicas na mesma situação. No momento, não há disponibilidade financeira para sanar todos os problemas”, resume.

O dinheiro para o 38º Curso de Verão, porém, está garantido, ainda que minguado em relação a edições passadas. Em 2015, o curso começou em 14 de janeiro e tinha orçamento de R$ 2,7 milhões, enquanto em 2014 a verba foi de R$ 12 milhões. Para este ano, a secretaria terá R$ 1,6 milhão. Desse total, R$ 900 mil serão destinados a aquisições de instrumentos para o patrimônio da escola e R$ 700 mil, para bancar os professores convidados.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comEntretenimento

Você quer ficar por dentro das notícias de entretenimento mais importantes e receber notificações em tempo real?