Abalada, Maria Bethânia se despede de Gal Costa: “Difícil demais”
Cantora, que conheceu Maria Bethania nos anos 1960, afirmou que “mesmo longe” manteve a admiração e o respeito por ela
atualizado
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Maria Bethânia usou as redes sociais para se despedir da amiga, Gal Costa, que faleceu nesta quarta-feira (9/11), aos 77 anos. A primeira gravação em disco de Gal se deu no disco de estreia d irmã de Caetano Veloso, em 1965.
“Em choque, triste demais, difícil demais. Eu nunca pensei um dia chegar a vocês para falar sobre a dor de perder Gal. O Brasil que ela sempre encantou com sua voz única, magistral, hoje, inteiro, chora. Como eu”, afirmou Maria Bethânia, em lágrimas.
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“Uma amiga que, mesmo longe, sempre mantive a admiração e respeito. Que Deus a receba na sua mais pura luz. É triste demais, difícil demais. Muito duro”, completou.
Gal Costa e Maria Bethânia começaram a carreira artística juntas nos anos 1960, chegaram em ensaiar um namoro mas acabaram se afastando após o fim de Doces Bárbaros.
No documentário O Nome Dela é Gal, uma homenagem aos 50 anos de carreira de Gal, Bethânia apareceu no primeiro episódio, admitiu surpresa ao ser convidada para dar um depoimento e entregou que há muitos anos as duas não se encontravam. Rumores apontam uma briga entre as artistas, que nunca foi confirmada publicamente por elas.
Em 2018, contudo, elas gravaram juntas a faixa Minha Mãe, para A Pele do Futuro, penúltimo álbum de Gal.
Trajetória
Maria da Graça Costa Penna Burgos nasceu em Salvador, na Bahia e começou a cantar na adolescência em festas escolares e trabalha em uma loja de discos, onde conheceu a bossa nova.
Em 1964, ela se juntou a Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Tom Zé e outros, no espetáculo Nós, Por Exemplo, que inaugurou o Teatro Vila Velha, em Salvador.
A primeira gravação em disco se deu no disco de estreia de Maria Bethânia (1965), com o duo Sol Negro (Caetano Veloso), seguido do primeiro compacto, com as canções Eu vim da Bahia, de Gilberto Gil, e Sim, Foi Você, de Caetano Veloso – ambos lançados pela RCA, que posteriormente transformou-se em BMG (atualmente Sony BMG) – gravadora à qual Gal retornaria em 1984, com o álbum Profana.
Em 1968, Gal gravou duas músicas do álbum do Tropicália ou Panis et Circencis, lançado por ela, Caetano, Gilberto Gil, Nara Leão, Os Mutantes e Tom Zé e também esteve presente no 4º Festival de Música Popular Brasileira da TV Record com a música Divino Maravilhoso, a qual lhe concedeu o 3º lugar. No ano seguinte, mais dois álbuns foram lançados, Gal Costa e Gal, com músicas de Roberto Carlos e Erasmo Carlos.
Durante o período de Ditatura Militar no Brasil, Gal Costa virou representante do tropicalismo no país. Com o álbum Fa-Tal: Gal a Todo Vapor gravado ao vivo, a cantora reforça a sua representatividade dentro do Tropicalismo, enquanto os seus parceiros Caetano e Gil estavam exilados.
Em 1993, Gal lançou o premiado disco O sorriso do gato de Alice, produzido por Arto Lindsay, com o sucesso Nuvem Negra (Djavan). Desse disco gerou-se o show de mesmo nome, com direção de Gerald Thomas, que causou polêmica por Gal cantar a música Brasil com os seios nus.
Ao longo de seus mais de 55 anos de carreira, Gal lançou 43 álbuns, tendo 12 DVDs gravados e 16 participações especiais na televisão. Já foi indicada cinco vezes ao Grammy Latino e foi vencedora do Prêmio da Música Brasileira (2016) na categoria de melhor cantora.