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A dura vida dos DJs: como aguentar a rotina pesada de shows e viagens?

Agitadores de casas noturnas precisam cuidar do corpo e da mente. Artistas contam o que fazem para manter o pique

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Giovanna Bembom/Metrópoles
alok Brasília (DF), /00/2017 – – Foto: Giovanna Bembom/Metrópoles
1 de 1 alok Brasília (DF), /00/2017 – – Foto: Giovanna Bembom/Metrópoles - Foto: Giovanna Bembom/Metrópoles

Nos últimos anos, chamou atenção o número de casos de DJs mortos precocemente. Avicii representa a tragédia mais recente: em carta, a família sugere que ele cometeu suicídio. Só na cena brasiliense, perdemos pelo menos três artistas entre 2015 e 2017: o veterano Celsão e os jovens Wilson Nemov e Lúcio Balla.

A rotina de um DJ é deveras estafante: viagens, baladas uma atrás da outra, madrugadas sem dormir, sono acumulado, alimentação desregrada. Alok, principal nome brasileiro na música eletrônica, é um dos músicos que mais viajam pelo mundo: chega a pegar jatinho para tocar em cinco lugares diferentes numa mesma noite.

Dois DJs contam o que fazem para aguentar o tranco. Sony e Bhaskar, irmão gêmeo de Alok, indicam pelo menos três medidas fundamentais para manter o pique: fazer exercícios, cuidar da alimentação e valorizar o equilíbrio.

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DJ Sony: 10 km de corrida por dia para aguentar a rotina de apresentações
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DJ Bhaskar: profissionalismo evita problemas

Reprodução/Facebook
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DJ Sony: 10 km de corrida por dia para aguentar a rotina de apresentações

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Ir para a balada: um ofício que exige cuidados 
“Sei bem dividir trabalho e diversão. Quando tenho vários shows na noite, distribuo minha energia para aguentar tudo. E se eu quiser curtir, deixo pra fazer isso na última”, conta Bhaskar, de 26 anos.

Aos 40, Sony dá o recado: o tempo o fez aprender a levar as coisas com mais parcimônia. “Hoje, é mais fácil. Você aceita o que quer. Quando se é novo, não tenho como mentir para você, existe, sim (excesso): ‘vou beber, curtir’. Mas o organismo cobra um preço”, relata.

“Eu sou um cara bem tranquilo em relação a isso, e só tiro um tempo para curtir quando não tem trabalho envolvido. Sempre enxerguei essa vida com muito profissionalismo, ao invés do que as pessoas pensam, que é só curtição”, opina Bhaskar.

Seguir alimentação saudável na estrada pode ser uma missão ingrata. “Agora, estou tentando até levar comida de casa, para sair o mínimo possível”, recomenda o goiano radicado em Brasília. Segundo Sony, há como contornar isso com atividade física diária. “Corro todo dia 10km de manhã”, diz.

Hoje ficou mais fácil, quase todo hotel tem uma academia ou um restaurante com opções saudáveis

Bhaskar

O pós-show também exige atenção dos DJs. “Hotel, aeroporto. Isso é o mais cansativo”, aponta Sony. Ambos não abrem mão de descanso generoso após qualquer viagem. “É uma questão de se policiar. Não é fácil, mas hoje prezo muito por boas noites de sono”, comenta Bhaskar.

Após mais de vinte anos em cena, Sony avalia que trocar o dia pela noite tem custos a médio e a longo prazos. “Audição e corpo são os mais afetados, pode ter certeza”, examina.

https://soundcloud.com/dj-sony/dj-sony-night-sessions-2018

Opinião médica
O doutor Fausto Stauffer, cardiologista atuante em Brasília, cita um estudo da Universidade de Westminster, na Inglaterra, como referência para a pesquisa sobre a saúde dos músicos. O levantamento investigou como o trabalho afetou a vida dos profissionais. Dos 2.211 entrevistados, 71,1% relataram ansiedade ou ataques de pânico e 68,% responderam que sofriam de depressão.

“É uma rotina de muitas viagens e até de isolamento social. Eles não ficam perto de amigos e da família. Em relação à população em geral, músicos têm até duas ou três vezes mais chances de transtornos mentais ou psiquiátricos”, explica o especialista.

O médico alerta que esses problemas podem acarretar doenças cardiovasculares, especialmente quando associados ao uso abusivo de bebida, cigarro e drogas. “Ansiedade, insônia e depressão aumentam esse risco a longo prazo. Mas, em relação a pacientes mais novos, virou ciclo vicioso ter transtornos e depois dependências químicas. Isso potencializa o perigo cardiovascular”, aponta.

A recomendação de Stauffer é, além de evitar maus hábitos, “tentar manter rotina normal de sono quando não se está nos shows. Ficar relaxado em ambiente com amigos e família e valorizar momentos de lazer.”

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