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2016: o ano em que Lady Gaga amadureceu e se reconstruiu

Com o novo álbum, “Joanne”, cantora norte-americana mudou seu estilo e apresentou sua faceta mais madura até então

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1 de 1 lady-gaga-press-shot_wide-96c0ecc6ab77cc732de31fdb37b620e17e12b2c8-s800-c85 - Foto: Divulgação

Ao fim de 2013, os truques de Lady Gaga pareciam ter perdido o efeito. Seu terceiro álbum de estúdio, “ARTPOP”, lançado em novembro daquele ano, vendeu apenas um quarto do que seu antecessor, o “Born This Way”, conseguiu na primeira semana de lançamento. Além disso, entre os discos da cantora, “ARTPOP” teve a pior aceitação de crítica e público.

Se avançarmos três anos, até o fim de 2016, chegamos a um novo momento para Gaga. Seu quarto álbum, “Joanne”, não foi exatamente um estouro nas vendas, mas tem conseguido uma certa estabilidade nas paradas, com 765 mil unidades vendidas em todo o mundo até o fim do ano.

A cantora também está garantida como a atração principal do show do intervalo do Super Bowl em 2017 e parece ter voltado à mídia de forma mais constante. A maior conquista de “Joanne”, no entanto, é trazer crítica e público de volta para o lado de Gaga. Para alcançar esse resultado, a cantora teve de mudar estratégias.

Lady Gaga surgiu na indústria musical em 2008 como um sopro de ar fresco. Com estilo exagerado e bizarro, a norte-americana utilizava batidas e refrões viciantes para fazer críticas irônicas à fama e ao estilo de vida das celebridades. O sucesso foi explosivo e instantâneo, elevando a cantora ao status de superestrela mundial em questão de meses.

Com o sucesso, veio também a ambição. Prestes a lançar o segundo álbum, “Born This Way”, de 2011, Gaga afirmou que o trabalho seria “o melhor disco da década”. Já com “ARTPOP”, como o próprio nome diz, a cantora afirmou que traria uma junção não antes vista de arte e música pop. Àquela altura, no entanto, o efeito Gaga já era considerado ultrapassado.


“Rainha dos excluídos”
A revista Entertainment Weekly afirmou em resenha do “ARTPOP” que, “enquanto a Gaga continua se transformando mais rápido do que nunca, sua música não evoluiu muito”. Já a Rolling Stone disse: “Gaga está em seu melhor quando interpreta a rainha de todos os excluídos do mundo. No entanto, desde que ela surgiu, o estranho se tornou o combustível que alimenta a cultura pop”. Por fim, o The Guardian foi categórico em relação à mistura de arte e pop proposta pelo disco: “O que estamos ouvindo simplesmente não é o que ela diz ser”.

Com o terceiro álbum, o público já dava sinas de que estava cansado da persona de Lady Gaga até então. Se, inicialmente, foram essas características que a fizeram ter sucesso, o que fazer em seguida?

Para Stefani Joanne Germanotta, a resposta foi olhar para dentro. Nos três anos em que não lançou discos solo, a cantora fez apresentações intimistas e mais cruas, e gravou um álbum de jazz com a lenda do estilo Tony Bennett.

O resultado de tudo isso é o álbum Joanne. Gaga afirmou em entrevistas que, durante o processo, queria fazer um disco sobre família, amizade, união e sobre aprender com o passado. Para isso, decidiu seguir com um som mais instrumental e menos industrial, moldado principalmente pelos produtores Mark Ronson e BloodPop.


Emoção é a palavra de ordem
A mudança foi brusca. Em seu mais recente vídeo, “Million Reasons”, emoção é a palavra de ordem. Longe estão as bizarrices e o estilo de outrora. A gravação, simples, mostra o apoio de amigas à cantora, depois que ela sofre uma decepção amorosa.

O rompimento entre as duas personas de Gaga fica mais claro do que nunca no momento em que ela utiliza um terço como forma de seguir em frente. Chega a ser estranho, já que ela também antes brincou e deu conotação sexual aos mesmos objetos no clipe de “Alejandro”, do “The Fame Monster”.

Apesar das contradições, o esforço parece ter tido efeito. Com o novo disco, Gaga não conseguiu os níveis estratosféricos de sucesso que um dia já alcançou. No entanto, conseguiu recuperar o interesse de público e da crítica.

Em resenha do novo álbum, o jornalista Marc Snetiker, da Entertainment Weekly, afirma que “mesmo que o poder de Gaga para chocar tenha diminuído, sua arte continua a evoluir de forma excepcional”.

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