10 discos que se tornaram inesquecíveis por causa da capa
Alguns são clássicos, outros passaram quase despercebidos, mas todos têm em comum o fato de que a arte da capa ficou maior do que a música
atualizado
Compartilhar notícia
Neste fim de semana acontece o PicniK Festival, na Concha Acústica. Entre as muitas atrações, o evento abriga também a 11ª Feira do Vinil de Brasília, o point preferido dos loucos por LPs. As bolachas voltaram com força, talvez por causa do fanatismo de seus colecionadores, mas também pela materialidade das capas, suas texturas, encartes e artes maravilhosas.
Aproveitando a oportunidade, pedimos à equipe da Marcondes & Co (sebo que participa pela sétima vez da Feira) para eleger os 10 discos cuja capa é ainda melhor que o disco. Mas, atenção: não significa que se tratem de discos menores, apenas o fato de que a arte da capa ficou até maior que a música! Vocês concordam?
“Sticky Fingers”, dos Rolling Stones (1971)
O disco está no top ten dos Stones, com clássicos como “Brown Sugar”, “Sister Morphine” e “Wild Horses”. Mas a capa, criada pelo rei da pop art Andy Warhol, é a melhor da banda. Um modelo numa calça jeans apertada num momento, digamos, de excitação. A versão deluxe trazia um zíper, que abria a calça e dava visão da cueca etc. Épico.
“Chico Buarque de Hollanda” (1966)
O primeiro disco de Chico Buarque traz músicas inspiradas, como “Tem Mais Samba”, “A Banda” e “A Rita”. Clássico! Mas os sambinhas ficam em segundo plano quando pensamos nessa época, um dos maiores memes da história da internet. O delfim de olhos claros, feliz e decepcionado. Genial.
“True Blue”, de Madonna (1986)
O terceiro disco da diva do pop tem um elemento que ajudou a mudar a carreira da jovem suburbana: os cabelos loiros curtíssimos. Fez toda a diferença, até hoje é o disco internacional mais vendido no Brasil e cristalizou a imagem que todos temos de Madonna. As músicas? Sim, estão lá “Papa Don’t Preach”, “La Isla Bonita” e a de “dançar juntinho” “Time to Tell”. Um pouco datadas, mas ainda emocionantes.
“Araçá Azul”, de Caetano Veloso (1973)
Caetano magérrimo, em uma tanga vermelha, num contra plongeé espelhada e cabelo globetrotter. Tem como ser melhor que isso? Não, não tem. O disco é uma maluquice experimental, gravado “under the influence”, que gerou a maior devolução de vinis da história do mercado brasileiro. Pegue a capa e pregue na parede da sala.
“Fear do The Dark”, de Iron Maiden (1992)
A capa é uma das mais assustadoras do rock pesado e versa sobre aquilo que mais tememos: pesadelos e o medo do escuro. Um clássico tardio do Iron, especialmente pela faixa-título. Mas o disco em si não é dos mais inspirados, tem muita encheção de linguiça e se destaca por umas poucas faixas, como “Afraid to Shoot Strangers” e “Wasting Love”.
“Fleet Foxes” (2008)
Mesmo que o folk-indie-cabeça-barroco dessa banda de Seattle seja interessante, embora um pouco enjoativo, um dos motivos por ser tão hypada foi a fantástica capa de seu álbum de estreia. Trata-se da pintura “Provérbios Holandeses”, do flamenco Peter Brueghel, o Velho, de 1559. Foi eleita pela imprensa internacional a melhor capa de 2008.
“Adore”, do Smashing Pumpkins (1998)
Se os discos anteriores do Smashing misturavam certa psicodelia garageira com piração gótica e glam, “Adore”, mais minimal e com discreto acréscimo de sons eletrônicos, não emplacou. Mas a capa é magnífica: concebida pela então namorada ucraniana de Corgan, Yelena Yemchuk, está carregada de deformações, cenários e maquiagem típicas do expressionismo alemão. Uma das mais bonitas de sua era.
“Time Further Out“, do The Dave Brubeck Quartet (1961)
Brubeck sempre foi cerebral e meticuloso, e a matemática de seu west coast jazz leva à precisão com que o catalão Juan Miró equilibrava formas e cores elementares em pinturas minimalistas. Não à toa, ele usou Miró na capa do clássico “Time Out”. Quando, em 1961, repetiu a dose em “Time Further Out”, não repetiu o sucesso. Capa linda e musical, com números, linhas e escalas.
“Green Mind”, de Dinosaur Jr. (1991)
O quarto trabalho do grupo americano de guitar-noise é um grande disco, com um dos maiores hits da banda (“The Wagon”). Mas chama a atenção a polêmica capa, uma foto poética, cheia de punch e atitude, de uma garotinha fumando. O fotógrafo Joe Szabo diz que viu a imagem num relance, deu o click, e, de repente, a menina havia sumido. O mistério ratifica a força das imagens diante da realidade.
“McCartney II”, de Paul McCartney (1980)
O primeiro disco solo de Paul, “McCartney” (1970), foi uma sucessão de altos e baixos experimentalistas. Paul tocou todos os instrumentos. Após o fim dos Wings, o ex-Beatle resolveu repetir a experiência em “McCartney II”, mais alinhado à new wave e usando synths e sons eletrônicos. Altamente esquecível, só é melhor que o “I” em uma coisa: a capa.