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Mulheres que denunciaram Melhem enviam carta a funcionárias da Caixa

Um grupo de 10 mulheres apoiou as vítimas que contaram os assédios do ex-presidente da Caixa Econômica Federal, denunciados pelo Metrópoles

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Fotografia colorida de Marcius Melhem na Globo
1 de 1 Fotografia colorida de Marcius Melhem na Globo - Foto: Reprodução/TV Globo

Um grupo de 10 mulheres, que denunciou o ex-ator e diretor da Globo Marcius Melhem por assédio sexual, publicou uma carta aberta em apoio às vítimas de Pedro Guimarães, ex-presidente da Caixa Econômica Federal. O executivo pediu demissão do cargo após as acusações de toques íntimos e convites inadequados, denunciadas pelo colunista do Metrópoles Rodrigo Rangel. O caso está sendo investigado pelo Ministério Público Federal (MPF). Ao menos cinco funcionárias do banco acusaram o executivo de assédio.

“Nós não sabemos seus nomes, mas conhecemos e respeitamos a sua coragem. Sabemos como foi difícil passar por tudo o que vocês passaram. Os assédios, as pressões, as ameaças. E a força que foi necessária para romper o silêncio e fazer as denúncias. Conhecemos os desafios que aparecem ao enfrentarmos um homem em posição de poder, que usa a sua força e o seu cargo para constranger e calar as pessoas”, diz o trecho inicial do documento.

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Marcius Melhem era diretor de humor na Globo
Uma delas contou que no flat em que a Globo alugava para funcionar como redação do núcleo de humor, Melhem recebia atrizes de “cuecas, com as calças abaixadas ou sem calças”
Maria Clara Gueiros foi testemunha de Dani Calabresa no caso contra Marcius Mellhem
Outra disse que ele a chamava de “piranha” e propunha ter relações sexuais com as colegas de trabalho. Mais de uma das vítimas disse que foram profissionalmente boicotadas por terem resistido às investidas sexuais do artista
De acordo com a investigação, entre 2010 e 2019, o humorista teve comportamentos impróprios e inadequados em diversas ocasiões, nos mais variados locais, entre eles, os Estúdios Globo
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Dani Calabresa foi uma das atrizes que acusou Marcius de assédio moral e sexual. Ela alega que desde que entrou na emissora, em 2015, sofreu diversos assédios e boicotes por parte de Melhem, que era seu chefe na época, como coordenador do Departamento de Humor

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Marcius Melhem era diretor de humor na Globo

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Uma delas contou que no flat em que a Globo alugava para funcionar como redação do núcleo de humor, Melhem recebia atrizes de “cuecas, com as calças abaixadas ou sem calças”

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Maria Clara Gueiros foi testemunha de Dani Calabresa no caso contra Marcius Mellhem

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Outra disse que ele a chamava de “piranha” e propunha ter relações sexuais com as colegas de trabalho. Mais de uma das vítimas disse que foram profissionalmente boicotadas por terem resistido às investidas sexuais do artista

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De acordo com a investigação, entre 2010 e 2019, o humorista teve comportamentos impróprios e inadequados em diversas ocasiões, nos mais variados locais, entre eles, os Estúdios Globo

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A carta também reforça a coragem e a importância que as denúncias trazem para outras mulheres que podem ser vítimas do mesmo crime. “E como foi importante revelar a verdade e desafiar o poder. Ao fazer isso, vocês não apenas se defenderam, mas protegeram outras mulheres que poderiam ser vítimas do mesmo assédio”.

Em um outro trecho, o comunicado reforça que a batalha ainda não terminou. “A luta de vocês não acabou. Estejam preparadas, porque as próximas batalhas serão tão ou mais duras.”

Confira, na íntegra, a carta aberta.

“Às mulheres que denunciaram o assédio sexual na Caixa Econômica Federal. Nós não sabemos seus nomes, mas conhecemos e respeitamos a sua coragem. Sabemos como foi difícil passar por tudo o que vocês passaram. Os assédios, as pressões, as ameaças. E a força que foi necessária para romper o silêncio e fazer as denúncias.

Conhecemos os desafios que aparecem ao enfrentarmos um homem em posição de poder, que usa a sua força e o seu cargo para constranger e calar as pessoas. Mas vocês falaram. Vocês foram às autoridades, contaram suas histórias, mostraram sua verdade. O medo de falar é enorme, sabemos. Mas a coragem para romper o silêncio é maior ainda.

E como foi importante revelar a verdade e desafiar o poder. Ao fazer isso, vocês não apenas se defenderam, mas protegeram outras mulheres que poderiam ser vítimas do mesmo assédio.

Estamos aqui para, metaforicamente, segurar suas mãos e reforçar seu movimento: não se calem, não cedam, não esmoreçam. Vocês não estão sozinhas. Queremos, num abraço por escrito, tentar apaziguar a dor de tudo que vocês vêm vivendo, pois sabemos exatamente o que vocês sentem. Cada uma de nós sente a dor de cada uma de vocês. E sabemos, não somos poucas.

Esse assédio que vem disfarçado como piadas, como falsa amizade, como a insistência que precisa ser tolerada, sem que possamos reclamar. Do chefe que se impõe, que invade os espaços. Do assédio que é sexual, mas também é moral, porque é feito para
calar testemunhas e assustar as pessoas.

A luta de vocês não acabou. Estejam preparadas, porque as próximas batalhas serão tão ou mais duras. O sentimento principal talvez seja o medo. Medo da retaliação do poderoso denunciado, medo pelo futuro de nossas carreiras, medo de que nossa reputação seja posta em jogo, simplesmente porque fizemos o que era correto. O único fio que temos para nos segurar é a certeza de que essa era nossa única opção. Não podíamos suportar mais.

Os assediadores, quando expostos, seguem o mesmo roteiro: o ataque às vítimas. No desqualificam como forma de se defenderem, como se houvesse uma justificativa legítima para o assédio. Sabemos que não há. “Foi ela quem pediu”. “Era só uma brincadeira”. “Veja as roupas que ela usava”. Ou, “dei em cima, mas não foi assédio”. Como se a culpa fosse das mulheres. Mas não é.

Ou então, a velha pergunta: “por que não denunciaram antes?”. Como se fosse fácil. O assédio, por definição, é um exercício de poder. Assediadores são poderosos. Têm em suas mãos empregos, carreiras, famílias. O ato de denunciar, seja quando acontecer, é um ato de extrema coragem. Vocês foram bravas.

A culpa não é de vocês, como não era nossa. A culpa é de quem assedia. E das pessoas que sabem e ainda assim protegem os assediadores.

Nós não sabemos quem são vocês. Nunca nos falamos, nunca nos vimos e se nos cruzássemos na rua não teríamos como saber que passamos uma pela outra. Mesmo assim temos agora um laço inquebrantável. É por causa de mulheres como vocês que
nós seguimos lutando. Daremos forças umas para as outras e não pararemos até que todas as histórias sejam contadas.

Acreditamos que a inspiradora fibra que vocês demonstram, bem como a nossa, é o material com o qual se construirá um futuro mais promissor. Um futuro em que todas as mulheres possam trabalhar sem serem assediadas. Um forte abraço, do GRUPO de vítimas denunciantes de Marcius Melhem,

Somos Muit@s.”

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