Maria Bopp sobre Bolsonaro no Prêmio Paulo Gustavo: “Amanhã será inelegível”
Tom Cavalcante, Matheus Costa, Samantha Schmutz, Maria Bopp e Teuda “Bara” foram homenageados em solenidade na Câmara dos Deputados
atualizado
Compartilhar notícia
A Comissão de Cultura da Câmara realizou nesta quarta-feira (21/6) a cerimônia de entrega do primeiro Prêmio Paulo Gustavo de humor. Os agraciados foram Tom Cavalcante, Matheus da Costa Carvalho, Samantha Schmutz, Maria Bopp e Teuda “Bara” Magalhães Fernandes. Eles foram escolhidos em votação pelos deputados integrantes da comissão após indicações que poderiam ser feitas por todos os parlamentares.
Tom Cavalcante não pode estar presente e enviou uma representante. Samantha Schmutz também não compareceu, mas a comissão reproduziu um vídeo da atriz, agradecendo o reconhecimento. Além dos homenageados, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, o presidente da comissão, Marcelo Queiroz (PP-RJ), e a deputada Jandira Feghali, responsável pela criação do projeto que instituiu a homenagem, prestigiaram a cerimônia.
Com o tema “Rir é um ato de resistência”, o prêmio homenageia até cinco pessoas, grupos ou organizações que tenham contribuído para a cultura por meio da comédia.
“Símbolo cruel”
Ao receber o troféu com o rosto de Paulo Gustavo, Maria Bopp, 31, falou sobre a importância do saudoso artista para a cultura nacional. “É uma honra receber esse prêmio que carrega o nome do Paulo Gustavo, o maior expoente do humor no Brasil, cuja partida na pandemia foi um símbolo muito cruel de uma época em que o nosso país de fato perdeu a graça”, declarou.
Paulo Gustavo morreu aos 42 anos, devido a complicações da Covid-19. O ator e humorista ficou mais de 50 dias internados no Rio de Janeiro, mas não resistiu. Dias antes, ele havia usado as redes sociais para questionar a demora para a oferta da vacina, que enfrentou resistência no governo do então presidente Jair Messias Bolsonaro.
Em sua fala, Maria Bopp também criticou humoristas que se utilizam da profissão para proferir discursos de ódio e alfinetou o ex-chefe do Executivo.
“Fiz isso sem ofender nenhuma minoria política, olha só, que maravilha. E sem bater em quem já apanha diariamente. Pelo contrário, minha blogueirinha sempre apontou pra quem estava no poder e que se tudo der certo, amanhã, se tornará inelegível. Eu sou canceriana e não esqueço. A justiça ainda tem que ser feita”.
Maria Bopp
Emocionada, Teuda Bara, 81, exatou a personalidade de PG. “Muito feliz, muito honrada de conhecer o Paulo Gustavo. Era uma pessoa maravilhosa, com todo mundo. Não podia saber que tinha alguém doente, precisando de remédio, que ele ia. Meu querido Paulo Gustavo. Tem hora que eu fico achando que nem mereço tanto… Mas eu fiquei muito feliz. Obrigada”, discursou.
Famoso por causa dos vídeos em que “trolla” o próprio pai, o tiktoker Matheus Costa, de 23 anos, se emocionou com a homenagem. “É muito louco isso porque quando eu comecei foi em um período muito sombrio, de pandemia, trancado em casa. Comecei a fazer vídeo despretensiosamente e nunca pensei que fosse se tornar algo tão grande, que eu estaria aqui hoje recebendo um prêmio por isso. Ainda mais com o nome do Paulo Gustavo, que é um ícone do Brasil. É uma felicidade que não dá pra explicar”.
Clima de emoção e alegria
A cerimônia também reservou alguns minutos para reproduzir um vídeo enviado pelo viúvo de Paulo Gustavo, Thales Bretas. Nele, o médico dermatologista agradeceu a iniciativa do prêmio e parabenizou os vencedores. “Como o Paulo sempre dizia, ‘rir é um ato de resistencia’. Então eu gostaria de parabenizar vocês, comediantes, que trazem a risada para todos nós e engrandecem a cultura do nosso país”, disse Thales.
A cerimônica foi finalizada em clima de descontração, com os presentes, incluindo a ministra de Cultura, fazendo uma ciranda ao som da canção Ponto de Oxossi.
