Veja três nomes de destaque da nova geração de escritores brasileiros
Para celebrar o Dia Nacional do Escritor, o Metrópoles falou com os autores Tostes Daniel, Fabiane Guimarães e Babi A. Sette
atualizado
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Em 25 de julho, celebra-se o Dia Nacional do Escritor, data reservada para homenagear os brasileiros que dedicam seu tempo para contar histórias, expressar ideias e emoções, além de entreter, desafiar e questionar os leitores. Por meio de narrativas, contos, crônicas, documentários, análises, etc., esses profissionais conectam o público a experiências de maneira criativa, significativa e poderosa.
A lista de talentos da literatura brasileira é extensa, inclui nomes como José de Alencar, Castro Alves, Clarice Lispector e João Guimarães Rosa. Contudo, novos autores vêm ganhando espaço para mostrar suas habilidades e provar que a nova geração tem muito o que contar e, talvez, ensinar.
O Metrópoles selecionou três nomes que têm uma trajetória de sucesso, são eles, Fabiane Guimarães, Babi A. Sette e Teofilo Tostes Daniel.
Como se Fosse um Monstro – Fabiane Guimarães
Fabiane Guimarães é uma goiana, que cresceu em Formosa, e se mudou, aos 18 anos, para Brasília. Foi no início da vida adulta que Guimarães publicou seu primeiro conto, fruto do talento que se manifestou desde os 7 anos, quando escreveu sua primeira história em um pedaço de papelão.
Em uma viagem feita em 2019, surgiu a ideia de escrever o que mais tarde intitularia Como se Fosse Um Monstro, uma história ambientada no Brasil, entre as décadas de 1980 e 1990. A narrativa conta a vida de uma jovem pobre do interior, que parte para trabalhar como empregada doméstica na casa de um casal rico, mas acaba se tornando barriga de aluguel. Porém, essa escolha acaba tendo sérias consequências.
No Brasil, “barriga de aluguel” não é uma prática legalizada, por isso, para Fabiane, o tema de seu livro é algo que precisa ser sempre discutido: “A questão central é justamente a maternidade, o direito ao próprio corpo e a não maternidade. As mulheres precisam ter o direito de escolher o que desejam fazer com seus corpos, e o livro aborda muito essa temática”.
O Beijo da Neve – Babi A. Sette
Em seu mais recente livro, O Beijo da Neve, que será lançado no final de agosto, Babi A. Sette abordou temas pertinentes da geração Z, como cyberbullying, questões migratórias e assuntos LGBTQIAP+.
Para a autora, representar na arte o sofrimento e estrago que o preconceito causa, é uma forma de auxílio, que tem o poder de ajudar a superar e combater o problema.
“A representatividade na arte, seja aquela que evidencia comportamentos nocivos e criminosos ou aquela que faz com que nos coloquemos no lugar dos personagens por empatia, é fundamental se quisermos construir e viver numa sociedade mais inclusiva, unida e justa”
Babi A. Sette
O Beijo da Neve será lançado pela Verus (selo do Grupo Editorial Record) e contará a história de dois jovens patinadores de gelo ambientada no Canadá.
O Poeta Toma a Pólis – Teofilo Tostes Daniel
Para Teofilo Tostes Daniel, o livro de poesia O Poeta Toma a Pólis já vinha tomando forma, mesmo que inconscientemente, desde 2013, devido a “escalada de um discurso que se enunciava a partir do ódio para engajar as pessoas”.
“Com a combinação perversa de uma pandemia mundial (Covid-19) e um governo negacionista, a minha escrita começou a se voltar cada vez mais para o testemunho de tudo o que estávamos vivendo como sociedade. E também, pela escrita, buscava pensar – ou sonhar – formas de recuperarmos nossa capacidade de diálogo, em meio a um tecido social tão esgarçado e cindido por verdadeiras feridas abertas. Foi no meio desse processo de testemunhar, escrever e imaginar que me dei conta de que um livro estava nascendo”, explica Daniel.
Dividido em duas partes, o livro começa em tom de perplexidade diante das injustiças, da indiferença e da crueldade vistas em nosso país nos últimos anos. Teofilo denuncia a psicopatia cotidiana, em que “uma horda derradeira segue / a monetizar o inaceitável / costurando olhos onde se leem / obscenos gritos de socorro”.
Já na segunda parte da obra, a conexão é com a esperança. É quando o autor deixa claro por onde deseja que sua escrita conduza os leitores: pela delicadeza, pela sensibilidade e pelo afeto como ferramentas eminentemente poéticas e políticas.